Dólar sobe com aversão ao risco na abertura após novas ameaças de Trump
Mercados demonstravam pessimismo após presidente dos EUA anunciar que vai impor taxas de 30% sobre México e União Europeia a partir de 1º de agosto

SBT News
com informações da Reuters
O dólar à vista subiu ante o real nesta segunda-feira (14), conforme os investidores reagiam às mais recentes ameaças tarifárias do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aos seus principais parceiros, com dados econômicos do Brasil também no radar.
Às 9h43, o dólar à vista subia 0,45%, a R$5,5733 na venda. Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha baixa de 0,30%, a R$5,575 na venda.
+ Trump está “frustrado” com negociações com Brasil, diz assessor
Os movimentos do real nesta sessão tinham como pano de fundo uma modesta aversão ao risco nos mercados globais, o que afetava a moeda brasileira, uma vez que os mercados demonstravam pessimismo após Trump anunciar que vai impor tarifas de 30% sobre o México e a União Europeia a partir de 1º de agosto.
O anúncio ocorreu em meio a outras ameaças feitas pelo presidente norte-americano ao longo da semana passada, que incluiu uma taxa tarifária de 50% sobre produtos brasileiros, afastando as perspectivas otimistas que investidores tinham sobre o fechamento de acordos comerciais.
A expectativa anterior era de que Trump divulgasse pactos comerciais com uma série de parceiros ao longo da última semana, conforme se aproximava o prazo de 9 de julho que ele havia determinado para negociações. O presidente, entretanto, avançou com ainda mais ameaças.
+ Trump anuncia tarifa de 30% para União Europeia e México
Por outro lado, apesar do pessimismo, os mercados permaneciam cautelosos, sem realizar grandes apostas, já que a Presidência de Trump tem sido marcada por adiamentos e recuos frequentes.
"Nós acreditamos que o governo está usando sua última rodada de escalada nas tarifas para maximizar sua posição de negociação e vai, por fim, reduzir as tensões, especialmente se houver uma nova amostra de volatilidade nos mercados", disseram analistas do banco UBS em nota.
O índice do dólar – que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas – subia 0,03%, a 97,920.
A divisa dos EUA também avançava ante pares do real, como o peso mexicano e o peso chileno.
Na cena doméstica, o mercado aguarda mais detalhes sobre o posicionamento do governo brasileiro diante da ameaça tarifária de Trump. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse na quinta-feira (10) que vai negociar com os EUA, mas alertou que adotará a reciprocidade caso essas conversas não deem frutos.
+ Trump anuncia tarifa de 50% sobre exportações do Brasil aos EUA
Já Trump disse na última sexta (11) que pode conversar com Lula em algum momento, mas "agora não".
Bolsa e índices brasileiros em queda
O Ibovespa operava em queda nos primeiros negócios desta segunda (14), em linha com o movimento negativo dos futuros acionários norte-americanos.
Às 10h09, o Ibovespa perdia 0,31%, a 135.767,9 pontos. O contrato futuro do índice com vencimento mais curto, em 13 de agosto, caía 0,32%.
Na frente de dados, o Banco Central (BC) informou mais cedo, ao divulgar seu Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), que a atividade econômica brasileira interrompeu quatro meses seguidos de expansão e registrou em maio a primeira contração no ano, em resultado bem pior do que o esperado.
+ Barroso diz que tarifas de Trump foram "fundadas em compreensão imprecisa dos fatos"
O Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), considerado um sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB), retraiu 0,7% em maio na comparação com o mês anterior, em dado dessazonalizado informado pelo BC.
As atenções também devem se voltar nesta semana para o impasse em torno da tentativa do governo de elevar a cobrança do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
O Supremo Tribunal Federal (STF) programou audiência de conciliação para terça (15) entre Executivo e Legislativo.