Dólar dispara e fecha em R$ 5,50 com temores fiscais e tensões entre EUA e China
Alta de 2,39% na moeda reflete desconfiança do mercado com a política fiscal do governo Lula e novas tarifas de Trump sobre a China

SBT News
com informações da Reuters
O dólar disparou no Brasil nesta sexta-feira (10) e encerrou o dia acima dos R$ 5,50, acompanhando o aumento da tensão no mercado financeiro. As cotações refletiram o mal-estar dos investidores com a política fiscal do governo Lula e as novas ameaças comerciais dos Estados Unidos à China.
A moeda norte-americana à vista subiu 2,39%, fechando a R$ 5,5038 — o maior valor desde 5 de agosto, quando registrou R$ 5,5057. Apesar da alta recente, no acumulado do ano o dólar ainda apresenta queda de 10,93%.
O dia foi negativo para os ativos brasileiros. O Ibovespa caiu, o dólar disparou e as taxas dos Depósitos Interfinanceiros (DIs) avançaram, refletindo o clima de incerteza.
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Entre os principais fatores de pressão está o desconforto do mercado com a condução da política fiscal. Desde a semana passada, esse tema vem afetando o desempenho dos ativos. A rejeição, pelo Congresso, da Medida Provisória 1303 — que tratava da taxação de aplicações financeiras — intensificou a desconfiança, já que a decisão foi considerada um revés para o esforço do governo de equilibrar as contas públicas.
Segundo o Ministério da Fazenda, a MP teria impacto fiscal de R$ 14,8 bilhões em 2025 e de R$ 36,2 bilhões em 2026, considerando novas receitas e cortes de despesas.
Durante a manhã, o pessimismo aumentou após uma reportagem do jornal O Estado de S. Paulo indicar que o pacote de medidas do governo para 2026 poderia somar R$ 100 bilhões, sem garantias de arrecadação. Entre as ações citadas estão a isenção do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil, a distribuição de gás de cozinha e de energia elétrica gratuita para parte das famílias, além do pagamento de bolsas para estudantes — medidas já anunciadas anteriormente pelo governo.
Mesmo sem novas propostas, analistas demonstraram preocupação com o impacto dessas iniciativas sobre as contas públicas, especialmente em um ano eleitoral.
No início da tarde, o mercado sentiu nova pressão após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçar elevar as tarifas sobre produtos chineses e cancelar uma reunião com o presidente da China, Xi Jinping. Trump acusou o país asiático de “manter a economia global refém” após a China ampliar os controles de exportação de terras raras na quinta-feira (9).
As ameaças se confirmaram horas depois, quando Trump anunciou tarifas de 100% sobre as exportações chinesas para os EUA e impôs controles de exportação sobre "todo e qualquer software crítico".