Produção de grãos na safra 2023/24 deve chegar a 319,5 milhões de toneladas
Soja continua em expansão, enquanto milho deve ter área plantada reduzida
Raissa Lomonte
A produção de grãos na safra 2023/24 deve chegar a 319,5 milhões de toneladas, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Se concretizada a previsão, o volume será o segundo maior já colhido na série histórica.
Em entrevista ao SBT Agro, o presidente da Conab, Edegar Pretto, afirma que as perspectivas são conservadoras devido às oscilações trazidas pelo clima. Mas, de acordo com ele, se não for a maior safra, será a segunda maior da história. As informações constam na 11ª edição das Perspectivas para a Agropecuária - Safra 2023/24, publicada nesta 3ª feira (19.set).
Para a soja, mesmo com os preços nacionais tendendo para baixo e perspectiva de perda na rentabilidade, a oleaginosa continua atrativa na liquidez, o que influencia em uma expectativa de aumento de área no próximo ciclo, podendo alcançar 45,3 milhões de hectares.
A produtividade média das lavouras brasileiras também tende a um acréscimo de 2,22%, projetado para 3.586 quilos por hectare, o que resulta numa expectativa de um novo recorde para a produção de 162,43 milhões de toneladas.
"A tendência de preços baixos está associada a um choque de oferta, no qual estima-se uma produção mundial de soja para 2024 muito superior à demanda. Ainda assim, a rentabilidade se apresenta mais positiva, devido, principalmente, à redução nos custos de produção, em especial na queda de mais de 48% dos fertilizantes", analisa Sérgio Roberto Santos, gerente de Produtos Agropecuários da estatal.
Cenário oposto é esperado para o milho. Após um cenário favorável de preços, rentabilidade e liquidez, agora há uma intensa redução das cotações do cereal tanto no mercado internacional como no nacional. Com isso, os preços atuais e projetados não possuem uma rentabilidade atrativa para a cultura, o que deve refletir na redução de área do grão no Brasil na safra 2023/24. Também é esperada uma menor produtividade no consolidado das três safras no próximo ciclo, o que resulta numa projeção de 119,8 milhões de toneladas de milho, ou seja, 9,1% inferior à temporada 2022/23. "Mesmo com o consistente aumento do consumo interno do grão, a significativa redução projetada da rentabilidade do milho no país tende a levar a queda na área destinada à cultura", avalia Santos.
Retomada do arroz e feijão
Após seguidos anos de registro de redução de área, o arroz e o feijão apontam para uma recuperação no plantio. Para o arroz, o incremento na área plantada é influenciado pela expectativa de melhora no cenário de preços, aliada a uma redução de custos. "Além disso, o fenômeno El Niño tende a influenciar em uma provável redução de área de soja em áreas baixas em razão da expectativa de maior intensidade das chuvas. Com isso, o produtor tenderá a priorizar o arroz, que é mais resistente à inundação", explica o diretor de Política Agrícola e Informações da Conab, Silvio Porto.
A companhia prevê a expansão de área em torno de 10,2% na próxima safra e incremento de produtividade de 2,4%. Essa combinação de fatores resulta em uma projeção de crescimento de 12,8% no volume produzido de arroz pelo Brasil, totalizando uma safra nacional de 11,3 milhões de toneladas. Também é esperada uma alta semelhante na área semeada de feijão, comportamento que pode ser explicado, em parte, pela expectativa de melhor rentabilidade frente às culturas concorrentes, como soja e milho, pelo retorno mais rápido do investimento devido ao ciclo mais curto da cultura, entre outros fatores.
No entanto, este aumento da área plantadade feijão não deve ser acompanhado de uma melhora produtiva, principalmente por causa da probabilidade de ocorrência de El Niño. "Caso se confirme a presença desse fenômeno, possivelmente ocorrerá uma redução das precipitações pluviométricas na Região Nordeste, e riscos de excesso de chuvas no Sul do país, durante os períodos de colheitas", complementa o gerente de Fibras e Alimentos Básicos da Conab, Gabriel Rabello. Apesar da tendência de redução da produtividade do feijão, a maior área plantada sustenta a produção nacional próxima de 3 milhões de toneladas, o que garante o abastecimento.