Bolsa de São Paulo fecha em queda na abertura da semana do Copom
Investidores estão atentos à super-quarta dos juros no Brasil, nos EUA e em outros centros econômicos
Depois de altos e baixos o dia todo, a Bolsa de São Paulo fechou em queda de 0,36%, aos 118.335 pontos. A exemplo do que acontece nos Estados Unidos, os investidores e analistas estão de olho na "super quarta" dos juros: aqui e nos EUA as autoridades monetárias decidem o rumo das taxas de referência, puxando os pregões para movimentos mais cautelosos. Sem falar que ainda tem decisão pelo Banco da Inglaterra (BOE) e do Banco do Japão (BOJ) nessa mesma área e ainda esta semana.
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Sotaques financeiros
Nas terras de Tio Sam, o mais provável é que os juros sigam na toada entre 5,25% ao ano e 5,50% a.a. Isso mesmo com inflação menor nos períodos recentes e com economia acelerando de modo a não gerar empregos além do que as contas governamentais julgam saudável. É esperar pra ver. O que se decidir lá, terá necessariamente efeito cá: se o Federal Reserve (Fed, Banco Central Americano) elevar os juros por lá, um corte mais forte nos juros brasileiros tornará menos atraente para o investidor trazer o dinheiro pra cá. Logo, menor espaço para flexibilização da Selic.
Focus
O Boletim Focus divulgado nesta 2ª(18.set) pelo Banco Central voltou a reduzir estimativas para a inflação. No caso, a inflação no fechamento de 2023 baixou de 4,93% há uma semana, para 4,86% agora. Para 2024 baixa de 3,89% para 3,86%. E manutenção em 2025 e 2026. Confira no quadro a seguir.
Já o crescimento da economia neste ano subiu bem: de 2,64% há uma semana para 2,89% agora. Em 2024 a conta agora eleva o PIB para 1,50%, contra 1,47% da semana passada. As previsões para os juros mantém as cifras de uma semana atrás. São indicadores mais para o positivo, mas que não conseguem unificar as apostas dos analistas. Veja alguns exemplos.
"Na decisão de julho, o BC destacou alguns fatores necessários para uma acelerar o ritmo de cortes: uma melhora nas expectativas de inflação, que não aconteceu, com as projeções boletim Focus estabilizando e com a piora nas inflações implícitas negociadas nos títulos de renda fixa; uma abertura do hiato do produto, que não se efetivou, com o PIB do 2T23 forte levando a diretora Fernando Guardado a afirmar que as estimativas de hiato devem ser revistas para cima; no cenário de riscos, a economia global está passando por um choque do petróleo (nas commodities, de forma geral), o que deve gerar repercussões altistas no IPCA ao fim de 2023, além da piora da percepção do mercado sobre as metas fiscais de 2024. Esses fatores sinalizam uma piora no cenário de riscos de inflação. " analisa Nicolas Borsoi, economista-chefe da corretora Nova Futura
O economista aposta em novos cortes de 0,50 ponto percentual na Selic até o fim do ano. Veja também a análise do economista e consultor, André Perfeito.
"Vai vir corte de 50 pontos-base( 0,50 ponto percentual), não tem segredo. Mas o Banco Central ele meio que terceirizou a condução
da política monetária para as expectativas, porque o ambiente tá complexo e tem vários fatores pra isso. A taxa terminal no ano que vem o mercado projeta em 9%, eu tô com 10,75%, estou insistindo nisso, se continuar melhorando o relatório Focus, especialmente as projeções pra 2024, eu vou ter que revisar pra 9%, mas por ora acho que ainda não é o caso. Outro dado importante, subiu o PIB, eu tô com 3% deve migrar pra este patamar" - André Perfeito
O economista Eduardo Velho, da JFTrust Gestão de Recursos, aposta em corte maior no final de 2023.
"Como a meta de inflação (IPCA) ficará mais flexível ( regime dinâmico) A PARTIR DE 2025, o horizonte de projeção do impacto dos juros sobre o IPCA JÁ CAPTARÁ O PRIMEIRO TRIMESTRE DAQUELE ANO ( 2025), e portanto, haveria espaço para reduzir ( ACELERAR) a Selic em 75 pontos para 11,5%, a despeito da trajetória de alta do dólar médio, dos preços do petróleo e da quase estabilidade das expectativas de inflação - Eduardo Velho, JF Trust
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