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Economia

"Governo resolveu baixar preço de carro na marra", diz analista

Cortes de impostos para estimular as compras dividem opiniões; impacto do desconto deve variar com a renda

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As medidas de estímulo à redução de preços para consequente compra de carros populares receberam muitas contestações no meio financeiro e econômico. Depois do anúncio, nesta quinta-feira (25.mai), de ações destinadas a reduzir entre 1,5% e 10,9% os preços dos carros de entrada oferecidos pelas fábricas nacionais, as reações apontaram para o caminho escolhido pelo governo para reduzir os preços - a redução dos impostos federais que incidem sobre a produção - e dividiram opiniões. 

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O economista e consultor André Perfeito enumera os critério considerados na elaboração da proposta do governo de cortar tributos. São eles:  

  • 1-) o valor atual do veículo [o limite superior é R$ 120 mil] 
  • 2-) emissão de poluentes;
  • 3-) conteúdo nacional.

Para André, o caminho a ser adotado deveria ser outro. "O governo resolveu fazer na marra algo que poderia e deveria ser feito pela queda de juros", raciocina ele. A análise se debruça sobre o alto "custo do dinheiro" - leia-se taxa de juros - que é aplicado para quem busca uma compra no segmento. Principalmente na prateleira onde se localizam os carros que são objeto das medidas, a necessidade do financiamento é determinante para a decisão de compra: aí é que entra o fator juros altos. "Hoje as taxas estão altas em relação a renda disponível de tal sorte que não há demanda possível para o setor", afirma Perfeito. No gráfico abaixo, elaborado pelo economista, a distância entre a taxa referencial (Selic) e o que é praticado pelo mercado, com vistas a crédito para compra de carros. 

Diferença entre taxa Selic e mercado de juros | Reprodução/SBT

Ao menos na questão do peso dos juros, há uma espécie de coincidência entre a análise do economista e a visão da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), expressa pelo presidente da entidade, Marcio Lima Leite. Em entrevista coletiva em São Paulo, na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), pelo Dia da Indústria, o executivo admitiu que as fábricas trabalham hoje com " cerca de 50% de capacidade ociosa", motivada em boa medida pelo cenário da política monetária.

" As taxas de juros acabaram contribuindo para uma redução importante do mercado de automóveis. De modo que as medidas , agora, são um grande estímulo para a geração de emprego e industrialização do nosso país" - Márcio Lima Leite, pres. Anfavea 

Ao que André Perfeito termina por concordar. 

" É sabido que há grande ociosidade no setor automotivo e isso se deve a queda da renda interna e de crises em importadores da nossa produção como a Argentina. As medidas anunciadas não irão resolver os problemas do setor por si só, mas segundo a Anfavea poderemos ter carros abaixo dos R$ 60 mil, o que pode encontrar uma demanda que estava sendo negligenciada nos últimos anos" - André Perfeito, economista 

Na ponta do lápis

Quando considerada a parcela da população representada pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do IBGE, que é de 1 a 40 salários mínimos, as contas exatas implicam em reduções menores nas tabelas das revendas. A observação é do economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez. É como dizer que, como o imposto será progressivo para veículos mais baratos, considerada a distribuição sugerida e descontos entre 1,5% e 10,9%, a taxa média será equivalente a 6,5%. Isso considerando que apenas cerca de 73% das ofertas de carros do mercado nacional (ponderado pela representatividade de vendas) se enquadram no limite de até R$ 120 mil estabelecido pelo governo. Veja no gráfico abaixo:

Gráfico Ativa
Incidência dos descontos na proposta do governo | Reprodução/SBT

Resumo das medidas

  •  A partir de cortes em IPI e PIS-Cofins espera-se descontos entre 1,5% a 10,96%.
  •  Esses descontos serão apenas para carros até R$ 120 mil. 
  •  Venda direta entre indústria e consumidor pode reduzir mais os preços 
  •  Quanto mais barato o carro, que polua menos e com maior fabricação e montagens feitas no Brasil,  maior o desconto
  •  MP tem efeito imediato; deve ser confirmada em até 180 dias

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