Mais de 200 mil exames do SUS não foram retirados em Caxias do Sul em 2024
Número equivale a 20% do total de exames feitos no laboratório do município

Guilherme Fadanelli
Um levantamento da Prefeitura de Caxias do Sul apontou que mais de 200 mil exames realizados pelo SUS no município não foram retirados pelos pacientes em 2024. O dado preocupa a Secretaria da Saúde pelo prejuízo financeiro e, principalmente, pelo risco à saúde da população.
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No ano passado, o laboratório próprio do município fez mais de um milhão de exames, entre eletrocardiogramas, espirometrias, raio-x, ecografias e testes de infectologia. Mesmo assim, milhares de pacientes deixaram de buscar os resultados solicitados nas UBSs, UPAs e no Centro Especializado em Saúde.
O secretário da Saúde, Geraldo da Rocha Freitas Junior, alerta para o perigo de agravar doenças silenciosas. "Ao não retirar o exame pode ter algumas alterações e alguns indícios de que ele precisa corrigir algumas coisas. Muitas vezes, ele não sabe da doença. Quando ele for ter o sintoma, pode estar num estágio mais grave. Esse prejuízo não tem como a gente mensurar. Vou dar um exemplo de um câncer que pode ser detectado precocemente, um problema renal."
Além de colocar vidas em risco, o abandono de exames compromete o atendimento. A demora na retirada gera acúmulo de análises e atrasa a entrega de resultados de casos mais graves.
Para o diretor técnico de Atenção Primária em Saúde, Fabiano Fernandes, o paciente precisa assumir um papel ativo. "O paciente é produtor da sua saúde para o nosso sistema. Ele não é simplesmente um consumidor de serviço. É fundamental entender sua condição clínica, conversar com o profissional de saúde, promover sua saúde e ter a prevenção adequada."
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Segundo a secretaria, não é possível calcular com precisão o impacto financeiro da prática. Enquanto a tabela SUS paga cerca de R$ 5 por um hemograma, o custo real para o município pode ser até seis vezes maior devido às despesas operacionais.