Principal credor, Bradesco pede bloqueio de bens de diretores da Americanas
Banco argumenta que era impossível a direção da empresa não ter conhecimento das irregularidades
Luciano Teixeira
Principal credor da Americanas, o Bradesco pediu o bloqueio de bens de diretores e conselheiros da empresa. O objetivo é evitar que eles se desfaçam de patrimônio. O banco ainda argumenta que era impossível que a direção da empresa não tivesse conhecimento de práticas irregulares.
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"Talvez eles não imaginaram a proporcão que isso isso ia tomar, porque não é que devia R$ 1 bilhão a mais, era o dobro da dívida, então dificilmente não sabiam o que estava acontecendo", afirma Douglas Duek, economista especialista em recuperação judicial.
Enquanto isso, a direção da varejista sinalizou que vai fazer um aporte de R$ 10 bilhões para ajudar a pagar dívidas.
O objetivo dessa injeção de dinheiro é convencer os bancos, principais credores da Americanas, a aceitar um plano de pagamento. A varejista deve pelo menos R$ 27 bilhões para nove instituições.
Parte dos credores e especialistas do mercado varejistas defendem que a Americanas vai precisar de um aporte ainda maior: algo entre R$ 12 e R$ 15 bilhões. Esse dinheiro viria principalmente dos acionistas principais, os bilionários Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira.
"Mais importante do que colocar R$ 10 bi, R$ 12 bi ou R$ 15 bi, é a intenção dos acionistas em manter a empresa funcionando", afirma Roberto Kanter, economista especialista em varejo.
A empresa entrou em recuperação judicial em janeiro, e tem dívidas de quase R$ 50 bilhões. Há, inclusive, a possibilidade de que os principais credores se tornem importantes acionistas da varejista.
"Pouca gente confia numa empresa extremamente endividada. Então ele fala: vamos trocar dívida pela sociedade, você fica meu sócio. E aí o que você faz? Espera as ações subirem e vai vendendo aos poucos pra recuperar o seu dinheiro. É melhor do que ficar esperando receber uma dívida da própria Americanas", diz Douglas Duek.
Há indícios de que a diretoria da Americanas omitiu operações que provocaram o rombo contábil. Segundo o jornal O Globo, o comitê de auditoria da empresa questionou quatro vezes, entre 2020 e 2022, se estavam sendo feitas operações que poderiam gerar inconsistências no balanço. Isso foi negado pelos diretores.
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