Indústria brasileira deve crescer menos do que o PIB nacional, diz CNI
Empresários do setor calculam crescimento maior do que o esperado para este ano; em 2023, desempenho diminui
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Os resultados e as projeções para a economia brasileira, calculados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), reportam ao mesmo tempo um cenário, a depender do recorte a ser considerado, melhor do que o esperado. Mas com bons sinais de alerta a serem acionados quando a medida do tempo é o "daqui pra frente". O levantamento está inserido no Informe Conjuntural Economia Brasileira 2022-2023, divulgado nesta terça-feira (06.DEZ).
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De início, um número para o Produto Interno Bruto (PIB) nacional acima do estimado inicialmente: a CNI calcula que 2022 feche com alta de 3,1%, contra 1,2% estimados ao final de 2021. Do lado do desempenho setorial, uma piora. A indústria vai crescer abaixo do PIB: 1,8%, aponta a confederação. A puxar o desempenho, a indústria da construção, com desempenho isolado de 7% de crescimento, na projeção da CNI. No início do ano a expectativa era de perda de dinamismo, em função de uma evolução significativa do PIB do setor em 9,7% de 2021. De acordo com a indústria, o fôlego adicional advindo do programa Casa Verde e Amarela, a demanda consistente pela produção do segmento e a desaceleração da inflação atuaram juntos pelo crescimento da construção.
No segmento de transformação, impactado pelas taxas de juros elevadas e pelo desafio da pandemia de Covid-19, a evolução será de tímidos 0,1%, praticamente uma estagnação. Para 2023, projeção de alta do PIB nacional já em cerca da metade do estimado para 2022: crescimento de 1,6% no PIB geral e de 0,8% da industria, também via expansão da indústria da construção.
Ramal indireto
A ajudar no cômputo geral do PIB, destaque-se o setor de serviços, responsável imediato pelo crescimento acima das expectativas. As pessoas voltaram a circular mais com o auge da pandemia superado, além disso, o que foi possível melhorar no poder de compra da população e até o processo de digitalização da economia alimentaram o mercado de trabalho, influenciador inegável da retomada setorial. O setor de serviços foi o principal responsável pelo crescimento econômico em 2022. A CNI projeta que o PIB de serviços encerre 2022 com crescimento de 3,9%.
Os benefícios excepcionais injetados diretamente na renda dos trabalhadores também não passaram despercebidos. Segundo a CNI, na primeira metade do ano, a antecipação do 13º salário para aposentados e pensionistas do INSS, a liberação de saques do FGTS e a volta do pagamento do abono salarial deram sustentação ao consumo. No segundo semestre, fez-se sentir o aumento do valor do benefício Auxílio Brasil.
Mercado de trabalho
O mercado de trabalho deverá apresentar resultados menos positivos em 2023 quando comparado à sua trajetória em 2022. A expectativa da CNI é de que o número de pessoas ocupadas tenha crescimento de 3,1% ao final de 2023, em relação a este ano. Esse será a principal razão para o crescimento esperado de 3,7% para a massa de rendimento real em 2023. A CNI projeta desaceleração no ritmo de criação de postos de trabalho no quarto trimestre de 2022. Assim, o crescimento do número de pessoas ocupadas na comparação entre o quarto trimestre de 2022 e o mesmo trimestre de 2021 deverá recuar para 4,5%, uma criação de 4,4 milhões de postos de trabalho.
Assim, a taxa de desemprego deverá apresentar relativa estabilidade em 2023. A expectativa da CNI é de uma taxa de desemprego média de 8,9%, e uma taxa de desemprego para o quarto trimestre de 8,6% em 2023.
Serviços deve manter tendência de crescimento das pessoas ocupadas, mas menos do que em 22 ((( veja gráfico abaixo )).
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Custo das coisas
Também na avaliação dos industriais, houve avanço no enfrentamento da inflação, que desacelerou a partir de maio. De volta à gangorra das notícias boas versus....não tão boas, a própria confederação prevê inflação ainda elevada no novo ano. E pior. Seguida de taxas de juros igualmente em alta.
A inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), deve encerrar 2022 em 5,7%, acima da meta de 3,5% definida pelo Banco Central do Brasil (BCB) para o ano. Para 2023, a inflação deve desacelerar moderadamente e encerrar o ano em 5,4%, também acima da meta de inflação para o ano, 3,25%. A desaceleração moderada da inflação se deve, principalmente, aos efeitos da política fiscal expansionista sobre a demanda esperada para 2023. Essa desaceleração mais lenta da inflação, por sua vez, deve retardar e diminuir a intensidade do ciclo de redução da taxa de juros básica, Selic. Nesse cenário, a expectativa da CNI é que a Selic irá manter-se em 13,75% ao ano (a.a.) até setembro de 2023, quando se iniciará o movimento de corte da Selic, para encerrar 2023 em 11,75% a.a.
Registro importante também por parte da indústria nacional diz respeito à inflação global, que deve permanecer elevada no mundo inteiro em 2023, com consequente desacelração do crescimento da atividade e do comércio mundiais.
Expansão e dívida
Para o ano novo com governo novo, a indústria nacional projeta aumento forte dos gastos do governo a ajudar no crescimento. Em contrapartida, fica a dúvida quanto ao ambiente fiscal, ressaltadas as despesas primárias e ainda mais o desafio de encaixá-las no orçamento. Traduzindo minimamente este cenário, teme-se o aumento da dívida pública (dívida/pib) dos atuais 76% para 80% do Produto Interno Bruto; junto vem a instabilidade da moeda, prejudicando o controle da inflação. Leia-se, taxas de juros em patamar mais elevado por mais tempo, conforme visto acima.
Agronegócio
A CNI projeta queda de 1,2% do PIB do setor agropecuário em 2022. A atividade agropecuária foi negativamente impactada pelos problemas climáticos enfrentados em 2021, o que comprometeu o desempenho de algumas culturas, incluída a quebra de safra da soja.
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