"A gente pode fazer melhor porque a gente rouba menos", diz Guedes
Ministro da Economia deu a declaração ao fazer uma comparação entre o atual governo e as propostas de Lula

Guto Abranches
O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse na tarde desta 5ª feira ( 27.out), em São Paulo, que "se [eu] fosse o Bolsonaro, eu diria 'tudo o que o Lula fizer eu faço melhor'. E a gente pode fazer melhor, porque a gente rouba menos", declarou a um grupo de jornalistas que o aguardavam na Associação Comercial de São Paulo.
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O ministro participou de encontro com cerca de 150 empresários e representantes de entidades setoriais. Inicialmente Guedes fez uma exposição de cerca de uma hora para um auditório lotado. Nesta etapa, enalteceu aquilo que considera as realizações do governo Bolsonaro: as reformas que foram implementadas, o planejamento para uma reforma tributária, a competência na gestão da pandemia, avanços na tecnologia -- como o 5G -- e as condições que, "ao contrário do que dizem por aí", tornaram o Brasil novamente atraente para o capital estrangeiro. "Estive em Washington agora, semana passada. Todo mundo estava querendo saber do Brasil, falar com o Brasil. Com as reformas, o Brasil virou uma fronteira de investimentos. Tem R$ 900 bilhões contratados em investimentos a caminho do Brasil. Todo mundo reconhece que o país vive um bom momento. Mas não é o que se diz aqui dentro", disse.
Imparcialidade
Guedes reservou boa parte do tempo em que esteve no encontro para criticar a imprensa. Na palestra aos empresários, de forma mais enfática. E mesmo durante a coletiva aos jornalistas, reclamou. "A gente fala uma coisa, ou nem fala porque não perguntam pra mim, e sai no jornal no dia seguinte: estudo da área econômica vai acabar com as deduções do Imposto de Renda. É mentira. Festival de absurdos. Tem que baixar a bola um pouquinho, ter bom senso", afirmou.
Durante a mesma conversa com os profissionais, no entanto, ao ser questionado sobre a ideia de isentar do I.R. trabalhadores que ganhem até R$ 6 mil, contra R$ 5 mil propostos pela campanha de Lula, o próprio ministro deu munição para a polêmica.
" Eu, se fosse o Bolsonaro, diria: 'tudo o que o Lula fizer eu faço melhor'. E nós podemos fazer melhor, porque a gente rouba menos"
Paulo Guedes
Ao se aperceber tendo cometido uma gafe, o ministro corrigiu rápido: "Nós não roubamos".
Era de se notar, entre os jornalistas presentes que conversavam depois do encontro com Guedes, uma noção bastante generalizada quanto à "contenção" de ânimos do ministro ao falar com a imprensa. Se, no discurso para os empresários, ele havia sido até duro ao mencionar a relação com a imprensa, na entrevista coletiva era visível a postura contida, com fala branda, ouvindo todas as perguntas formuladas, respondendo em meio a longas pausas. Entrou na entrevista fazendo questão de cumprimentar um a um os jornalistas, indo até cada um deles. Respondeu a tudo o que o tempo permitiu. E saiu da sala com a mesma atitude, em que pese ter-se surpreendido com o deslize que cometeu.