Ibovespa fecha em segunda queda na semana: -0,96% aos 114.827 pontos
Pressão veio do cenário externo com temor de uma recessão global de volta à cena; dólar +1,57% a R$ 5,272
![Ibovespa fecha em segunda queda na semana: -0,96% aos 114.827 pontos](/_next/image?url=https%3A%2F%2Fsbt-news-assets-prod.s3.sa-east-1.amazonaws.com%2FMercado_financeiro_810c16619a.jpg&w=1920&q=90)
E lá se foi o Ibovespa para a segunda queda consecutiva. Em dois dias úteis. Nesta 3ª feira (11.out), o índice referência do mercado nacional baixou 0,96% até os 114.827 pontos. Efeito direto das cotações das commodities no cenário internacional e da preocupação com os riscos de uma recessão global.
+ Leia as últimas notícias no portal SBT News
A observação sobre os fatores domésticos considerou preponderantemente a divulgação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de setembro pelo IBGE. Em nova deflação, a terceira seguida, a baixa de preços já foi bem menos intensa do que nos meses de julho (0,68%) e agosto (0,36%): setembro exibiu -0,29% de índice geral de pressão sobre os preços. A expectativa do mercado girava em torno de 0,34%. "O IPCA veio em linha com as expectativas, apesar da redução ter sido um pouco menor que o projetado pelo mercado", calcula Luiz Carlos Corrêa, sócio da Nexgen Capital.
Vai daí a avaliação de que a medida da inflação não surtiu grande influência sobre a movimentação na B3, muito por conta da visão para a condução da política monetária. "Não deve pesar sobre a leitura da situação econômica do Banco Central, que poderia eventualmente alterar as taxas de juros no Brasil", comenta Corrêa. Leia-se, o BC voltar a pensar em altas de juros.
Qualidade da inflação
Os cortes de impostos sobre combustíveis, promovidos pelo governo federal ainda em setembro, tiveram o condão de puxar a nova deflação. Não fossem eles, o custo de vida apontaria alta ao redor de 0,22%, comentam especialistas. Mas no cenário alimentos, por exemplo, o leite longa vida, que tem estocado altas bastantes consideráveis, devolveu boa parte dos aumentos recentes descendo nada menos que 13,71%.
Outro aspecto muito ressaltado entre os observadores é a redução do índice de "disseminação da inflação": em outras palavras, o indicador que mede o quanto a inflação está "espalhada". Pois este indicador recuou de 65,3% para 61,5% na virada de agosto para setembro. E tem mais.
"Os serviços iniciaram a trajetória de queda da inflação acumulada em 12 meses, e após ter atingido 8,9% em julho, recuaram para 8,50% em setembro. O patamar ainda é elevado, mas já sinais de reversão em alguns itens de serviços", diz Luciano Costa, economista chefe da Monte Bravo investimentos.
Último trimestre
Há quem já considere, no mercado, que o ciclo de deflações se encerrou com o IPCA negativo de setembro. E, a partir daí, altas ligeiras já devem ser verificadas nos três últimos meses do ano. "Impressiona a força do Vestuário: é certo que o frio está longo, mas tem gente comprando pois deve fechar ano perto de uns 15%", avalia Luis Roberto Cunha, professor de Economia da PUC-RJ. Ele mesmo aponta ainda que o setor Serviços também exibe indicadores bem altos, "até recuperando da desaceleração de agosto", assinala.
Mas, de maneira geral, as projeções não devem ser alteradas profundamente até o fechamento de 2022. Na Monte Bravo Investimentos, os cálculos indicam inflação de 5,5% para o ano. A menos que a defasagem do preço da gasolina (ao redor de 8%) puxe os números pra cima. "Caso a defasagem fosse zerada, o impacto seria 20 bps e a projeção do IPCA de 2022 subiria de 5,5% para 5,7%", alerta Luciano Costa.
Cenário externo
Com a inflação razoavelmente comportada, aqui no Brasil, restou aos investidores atentarem para o clima econômico no exterior. Até porque, em grandes centros como Estados Unidos, Europa e Reino Unido, a preocupação com a escalada de preços é bem outra. Muito em consequência de a adoção de uma política de juros mais altos, para dar conta do custo de vida, ter começado muito depois do Brasil. E aqueles países assistem, ainda hoje, ao pleno combate via política monetária.
Nesta 4ª feira (12.out) sai o Índice de Preços ao Produtor (PPI) nos Estados Unidos, importante demonstrativo da inflação por lá. E que vai balizar a continuidade da política de juros. Com o mercado nacional fechado pelo feriado de Nossa Senhora Aparecida, qualquer reflexo sobre o nosso Ibovespa só vai aparecer na 5ª feira -- e de modo irrefreável, se houver sinalização para aperto nos juros. Igualmente no radar, a queda nos preços das commodities em nível global -- no pregão desta 3ª o Ibovespa sentiu, com Vale e Petrobras em baixa -- e a guerra na Ucrânia, que dá o norte para os preços mundiais da energia. E preocupa.
No fechamento, bolsas americanas do zero pra baixo: S&P 500 - 0,69%; Nasdaq - 1,08% e Dow Jones estável a + 0,08%, Dólar em alta de 1,57% cotado para venda a R$ 5,272.
Leia também
+ FMI piora projeção do PIB brasileiro para o ano que vem: 1%