Gás metano, emitido pelo boi, pode ser reduzido em 70% com feijão-guandu
Estudo da Embrapa revela mais um sinal de que pecuária pode mitigar emissões de gases de efeito estufa
Pablo Valler
Que o feijão é querido pelos brasileiros, todo mundo sabe. Mas, pode ser ainda mais. Aliás, até para o mundo. Há uma nova descoberta. A leguminosa foi testada e aprovada como um alimento eficiente na redução de metano, o gás gerado pelo sistema digestivo do gado.
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O metano está entre os gases de efeito estufa mais nocivos. Dependendo da pesquisa, pode-se encontrar que é mais pesado que o carbono em até 21 vezes. Somado ao fato de que o Brasil tem um dos maiores rebanhos bovinos do mundo, esse gás ainda é um dos principais problemas do país quando se fala em aquecimento global.
No Brasil, o metano corresponde por 28% das emissões diretas de gases de efeito estufa. Foram quase 593 milhões de toneladas emitidas em 2019, com aumento de 1,1% em relação a 2018. Em 20 anos, o crescimento foi de 50% em relação aos 402 milhões de toneladas emitidas em 1990.
Atualmente, existe uma corrida ao contrário. Como diminuir? A ciência estuda alternativas, como um bioativo retirado das árvores, o tanino. Quando misturado à ração, pode diminuir as emissões em mais de 80%, conforme pesquisa com apoio da Federação de Amparo à Pesquisa de São Paulo. Há também a possibilidade de usar pó de alga marinha, também com efetividade de mais de 80%. Esse em estudo na Universidade da Califórnia, nos EUA.
Agora, a Embrapa divulgou um experimento com feijão do tipo guandu. A leguminosa tem registrado 70% menos metano do que uma alimentação à base de pasto em área degradada.
A degradação é comum no Brasil, conforme a Embrapa. São mais de 130 milhões de hectares -- mais de 50% das pastagens existentes -- em condições de pouca produtividade do capim, com solos secos ou em erosão. Além do valor nutricional mais baixo.
De acordo com uma análise diária, nas áreas degradadas, cada animal emitiu 2.022,67 gramas de metano por quilo de ganho de peso. Já onde se tinha o feijão-guandu, em consórcio com os capins Marandu e Basilisk, o volume foi de 614,05 gramas por quilo de ganho de peso.
Para um dos pesquisadores responsáveis pela novidade, André Pedroso, não deve demorar muito para que a pecuária honre seus compromissos de mitigação dos gases de efeito estufa. "Várias são as formas de reduzir o volume de metano que o animal emite. Além de melhorar o aporte nutricional disponível aos bovinos".
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