Empresas concentram pagamentos de dívidas no setor de varejo
Pesquisa Serasa Experian aponta que empresas têm que escolher a quais fornecedores pagar prioritariamente
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A maior parte das dívidas pagas pelas empresas no mês de maio, 51,4%, foi para quitar obrigações com o segmento de varejo. O cálculo é apontado pelo Indicador de Recuperação de Crédito da Serasa Experian.
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De PJ para PJ
Ou seja, a pesquisa aponta como anda o pagamento de dívidas que empresas têm com outras empresas, como fornecedores, por exemplo. "Os números por volta de 45% pra baixo, em média, demonstram uma dificuldade grande por parte das empresas em honrar seus compromissos", aponta Luiz Rabi, economista da Serasa Experian.
Em contrapartida, uma taxa acima dos 50% é sinal de alguma melhora na capacidade de zerar as pendências. "Repare que o número (51,4%) do varejo, além de ser mais otimista, mostra uma recuperação sensível em relação a maio do ano passado, quando o índice foi de 47%", salienta Rabi. (Veja quadro abaixo). Já na comparação com o mês de abril/22 (49,4%) também houve acréscimo.
Do bolso para o boleto
É certo que a origem do recurso que permite às empresas fazerem os pagamentos, é o bolso da pessoa física em boa medida. E o consumidor comum tem participado da recuperação do crédito ativamente, graças a medidas especiais de transferência de renda. "A presença de estímulos fiscais destinados às pessoas físicas, como a antecipação do 13º dos aposentados e pensionistas e os saques especiais do FGTS, irrigou a economia no 2º trimestre, beneficiando o caixa daqueles setores que estão mais próximos do consumo", avalia Cleber Genero, vice presidente de Pequenas e Médias empresas da Serasa Experian.
Em outras palavras, quando o consumidor deixa seu dinheiro na padaria, no salão de beleza ou outros estabelecimentos que são diretamente parte do seu dia a dia, aquele recurso entra no "circuito das PJs": o caixa do mercadinho quita o débito com o laticínio ou com o depósito de bebidas, por exemplo.
Setor de Serviços
O indicador da Serasa Experian é mais um índice a considerar com ênfase o setor de Serviços da economia, e não é por acaso. Serviços representa hoje algo em torno de 70% da atividade produtiva. "Cada dez empresas abertas no Brasil, cerca de 7 são salões de beleza, pequenos mercados, lojas e etc. Sinal da força dos serviços e do comércio no giro da atividade", diz Luiz Rabi.
São estabelecimentos que, em medida significativa, dependem do crédito - e de permanecerem adimplentes. Até por isso, chama a atenção o fato de as obrigações com as empresas financeiras figurarem imediatamente após o Varejo na recepção dos valores apurada pela Serasa Experian: o índice é de 51,1% de destinação de dinheiro para deixar tudo em dia com as empresas do segmento. E se o momento econômico, com inflação e juros altos e atividade produtiva anda abaixo das necessidades, tomar decisões é coisa de todo dia.
"As empresas estão fazendo escolhas dificeis. É preciso selecionar, priorizar quem vai receber recursos primeiro. O dono da loja não pode abrir mão do capital de giro, por exemplo. Mas se ele não tiver a peça de roupa na vitrine, a sua operação simplesmente não acontece" - Luiz Rabi, Serasa Experian