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Semestre financeiro teve dois momentos bem distintos, dizem analistas

Correção de rumos e expectativa de recessão global definem ações dos investidores e resultados dos mercados

Semestre financeiro teve dois momentos bem distintos, dizem analistas
Elementos do mercado financeiro
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Os números do mercado financeiro no fechamento do primeiro semestre do ano não têm nada de animador. A julgar pela referência do cenário brasileiro, o Ibovespa, chegou a hora em que o cenário macroeconômico mandou a conta pesada para os investidores. Nesta quinta-feira (30.JUN), último dia do primeiro semestre do ano, a contabilização dos diferentes períodos de apuração de ganhos e perdas para o meio financeiro apontou pra baixo. Sem dó. No dia, o Ibovespa recuou 1,08%. No mês, queda de 11,50%, registro do pior desempenho mensal do indicador desde março de 2020, marca que não levava em conta o que estava por vir: a pandemia de Covid-19. E para arrematar o primeiro semestre, queda acumulada de 5,99%. Com isso a bolsa deixa metade do ano para trás recuando para os 98.541 pontos, bastante menos do que no pregão que inaugurou 2022, quando o pregão marcou 104.763 pontos. 

Na gangorra das apostas entre renda variável e câmbio, dólar em alta de 0,81% pra chegar aos R$ 5,235. No balanço de 2022 até agora, no entanto, a moeda americana tem queda de 6,14% diante do Real. 

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Cenário

Entre os analistas , há dois momentos bem distintos a compor o cenário das finanças no semestre. Um que se apóia numa bolsa brasileira " barata", aquela que enche os olhos do investidor internacional - que faz fácil o aporte amparado num dólar valorizado em relação a moeda brasileira. O segundo momento, é o que tem como pano de fundo o temor de uma recessão global, menos atividade econômica, inflação alta....e juros americanos, idem. Entre nossas fronteiras, as mazelas de um panorama pré-eleitoral francamente turbulento. A seguir, as opiniões e repercussões dos especialistas.

Caio Megale, economista chefe XP Investimentos

A bolsa brasileira mostra que, no momento, segue os rumos dos mercados mundiais. Há uma perspectiva de recessão global. Até recentemente [ ainda no início do primeiro semestre ] o mundo tava superaquecido, com inflação muito alta, bancos centrais sinalizando altas de juros. O que aponta para queda de atividade. Foi o bastante para as bolsas fora caírem bem. Por aqui, a bolsa cai porque segue lá fora e porque diante da possibilidade de uma recessão global, as commodities caem. E a bolsa brasileira é muito sensível a commodities. O que acontece agora é uma reprecificação, uma correção necessária. Pra apontar um horizonte, a expectativa de recessão traz a ideia de que a inflação caia e, lá na frente, o Banco Central possa cortar juro, pra dar vazão a mais crescimento. 

Alexandre Mathias, CEO da Kilima Asset

Na primeira metade do ano o Ibovespa chegou a registrar um avanço de 16%, em 1º de abril, quando o índice bateu 121.570 pontos impulsionados pelas ações de commodities e pela percepção de que o ciclo de alta da Selic estava perto do final. No entanto, as consequências inflacionárias da Guerra da Ucrânia levaram o Fed [ Banco Central Americano] a acelerar a alta de juros e, com isso, trouxeram um temor de recessão no curto prazo. Além disso, a política da China de Covid zero via restrição à circulação também contribuiu para a queda das empresas ligadas às commodities. Por fim, no cenário doméstico, a extensão do ciclo de alta da Selic e, principalmente, o aumento da incerteza fiscal do país com o anúncio de uma série de medidas de gastos, inclusive  com casuísmos para contornar restrições legais e constitucionais elevaram o risco e fizeram o dólar subir e a bolsa cair 6% no acumulado do ano.  
Nós aqui na Kilima achamos que esse cenário é uma tempestade perfeita que deve desanuviar nas próximas semanas.
O risco de recessão nos EUA deve refluir e o cenário doméstico deve acalmar após o dia 17/7, quando começa o recesso parlamentar, o que, acreditamos, deve levar a uma recuperação importante da bolsa.

Alexandre Bissolli, economist chefe da Apex Capital

Este tem sido um ano muito difícil para os mercados acionários no mundo, por dois fatores principais. Primeiro, a preocupação com a inflação, levando o Fed a promover neste mês a maior alta de juros dos últimos 28 anos (0,75 pp). Segundo, o conflito na Ucrania, que tem levado a uma piora das perspectivas de crescimento global, principalmente por seus efeitos sobre os preços de energia e commodities agrícolas. Do lado doméstico, os preços de ativos foram negativamente impactados no último mês pelas preocupações com a trajetória das contas públicas e da dívida. Medidas fiscais ora em discussão aumentam os riscos de médio prazo substancialmente.

Odair Abate, BDR Asset

O mercado por aqui também reproduziu o viés negativo do investidor global. Os motivos são basicamente os mesmos: receio de que a inflação elevada (no Brasil e no mundo) exija que os juros fiquem mais elevados (e por mais tempo) do que se esperava ao início do período. Isso penaliza a perspectiva de crescimento da economia e os resultados das empresas listadas na bolsa. Parte dos investidores fogem desse risco e buscam refúgio nos juros mais elevados. No acumulado do ano, queda de 5,99%, é preciso considerar que a bolsa local chegou a acumular alta no período (com destaque para os meses de março  e parte de abril), mas os efeitos da Covid sobre a cadeia produtiva, a guerra na Ucrânia (e seus efeitos sobre a oferta de energia e alimentos no mundo), a alta da inflação mundial e a alta dos juros, tem sido determinantes para o mau-humor dos investidores em todo o mundo (o S&P, nos EUA, por exemplo, acumula queda de 20,5% no ano). Isso tudo mesmo com o Brasil surpreendendo positivamente no front do crescimento econômico, com perspectivas de PIB acima do esperado, queda do desemprego e alta na arrecadação fiscal. Os juros mais elevados e os riscos de recessão mundial têm tido um peso considerável no humor dos investidores.

Matheus Jaconeli, Analista de investimentos da Nova Futura Investimentos

O que a gente tá assistindo é o chamado "voo pra qualidade", é o momento em que o investidor tira o dinheiro de mercados mais arriscados para buscar a um só tempo rentabilidade e segurança, que é o retrato dos títulos americanos agora com juros mais altos. Durante o dia de hoje o receio contra a recessão mundial acabou impactando o humor dos investidores e puxando mesmo os mercados mais pra baixo. No cenário doméstico há sim preocupação com medidas como esta discussão sobre o auxílio para os caminhoneiros, que tá sendo pensado pra chegar até os taxistas também, é mais custo, então quando vc gera gastos o mercado olha pro futuro, sempre antecipa, olha pra esses problemas e acaba colocando no preço. 

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