IGP-DI tem alta de 0,69% em maio com pressão de matérias-primas
Parcela que mede os preços no atacado aponta inflação mais alta para o consumidor nas próximas semanas
A inflação do mês de maio medida pelo Índice Geral de Preços - Disponibilidade interna (IGP-DI), da Fundação Getúlio Vargas, registrou alta de 0,69%. A elevação ficou acima do indicador de abril, que tinha subido 0,41%. Ao mesmo tempo, o índice saiu bem abaixo do equivalente de maio do ano passado, que tinha sido de 3,40%.
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"Àquela altura havia pressão forte causada pelo abalo histórico trazido pela covid-19", analisa André Braz, coordenador da FGV. Ele aponta o "estrago" causado pela circulação do coronavírus como responsável até por complicações na logística internacional. Não havia, por exemplo, portos para descarregar encomendas. A própria indústria não operava com o máximo da capacidade. Não foi à toa, portanto, que o acumulado da inflação em doze meses, esgotados em maio de 2021, girava ao redor de 36%.
Agora, a taxa anualizada aponta 10,56% de alta, menos de um terço do resultado do mesmo período no ano passado. Nos primeiros cinco meses de 2022, o IGP-DI apurou taxa acumulada de 7,17%.
Composição
Entre os três sub-indicadores que compõem o IGP-DI, aquele que apontou o rumo do índice final foi o IPA - DI, Índice de Preços ao Produtor Amplo. O item tem peso de 60% no medidor completo e é fortemente impactado pelos preços no atacado. Ele aponta aquela inflação que "o consumidor ainda vai sentir no bolso nas próximas semanas", esclarece Braz. O IPA-DI em maio subiu 0,55%, quase o triplo de abril (0,19%). Influência determinante das matérias-primas brutas que subiram 0,04% em maio, depois de terem queda de 2,96% em abril. Impulso puxado principalmente pela soja em grão ( 2,76%), milho em grão (-0,10% ante queda de 9,82% antes) e cana de açucar (3,65%). " É um sinal de que alguma coisinha a mais vai parar no bolso do consumidor proximamente", diz Braz.
Já os preços ao consumidor, apurados no IPC que é termômetro do varejo, caíram pela metade. Alta de 0,50% agora contra 1,08% em abril. Alimentação, Transportes e Habitação trouxeram o número para baixo. Mas houve altas expressivas nos grupos Educação (3,12%) e Despesas Diversas que incluem, entre outros, os custos com passagens aéreas: salto de 14,38% para 16,33% agora. A participação do IPC no cálculo do índice geral é de 30%.
E o Indice Nacional de Custo da Construção, que responde por 10% do geral, subiu 2,28% em maio, contra 0,95% do mês anterior.
Surpresa
O IGP-DI divulgado nesta 4ª feira (8.jun) veio abaixo das expectativas de mercado, que variavam de 0,80% a 0,90% aproximadamente. Os observadores costumam afirmar que o mercado financeiro não gosta de surpresas; nem das boas. É bom lembrar que ficar "abaixo do que calculava o mercado", quando se trata de uma medida de inflação, sempre é mais favorável ao consumidor por apontar menor pressão sobre o custo de vida. De qualquer maneira, um índice menor não significa necessariamente inflação em queda, ou que o consumidor vai encontrar produtos mais baratos nas prateleiras. Ele aponta que, na verdade, os preços continuam subindo, mas com velocidade menor, ou subindo menos ao longo do tempo. E inflação é sempre inflação.