OCDE reduz projeção de crescimento do Brasil em 2022 para 0,6%
Organização também rebaixou a previsão de crescimento econômico global para 3% em 2022, ante 4% projetado em dezembro
Um dia após o Banco Mundial rebaixar a previsão de crescimento global e falar, pela primeira vez, em uma possível estagflação, foi a vez da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico, a OCDE, reduzir a previsão de crescimento do PIB global.
Em relatório divulgado nesta 4ª feira (8.jun), a organização projetou um crescimento de 3%, cerca de 1,5 ponto percentual mais fraco do que o projetado no relatório Perspectivas Econômicas de dezembro de 2021.
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O otimismo do início do ano causado pela recuperação -- desigual -- da economia mundial, foi confrontado pela variante ômicron -- que paralisou a cadeia de produção da China -- e destruído pela guerra na Ucrânia. Além do desastre humanitário, a guerra também desencadeou uma crise de custo de vida, afetando pessoas em todo o mundo. Quando combinada com a política de "zero-covid" da China, colocou a economia global em um curso de crescimento mais lento e aumento da inflação. Uma situação não vista desde a década de 1970.
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Nos Estados Unidos, prevê-se que o crescimento do PIB enfraqueça de 5,7% em 2021 para 2,5% em 2022 e 1,2% em 2023.
Na zona do euro, o crescimento do PIB deverá desacelerar de 5,3% em 2021 para 2,6% em 2022 e 1,6% em 2023. A inflação principal deverá atingir 7% em 2022 antes de cair para 4,6% em 2023 -- inflação anual no final de 2023, em 3,9 % para a medida principal e 3,7% excluindo alimentos e energia, ainda estaria bem acima do objetivo do banco central.
Após uma rápida recuperação da primeira onda da covid-19, a economia da China esfriou, refletindo em parte as medidas rigorosas que permanecem em vigor para erradicar a propagação do vírus, bem como o fraco investimento imobiliário devido a regulamentações mais rígidas e o fracasso de alguns grandes desenvolvedores. No entanto, a flexibilização adicional da política monetária e o apoio fiscal de até 2% do PIB este ano devem ajudar a estabilizar a demanda: o crescimento do PIB deve cair para 4,4% em 2022, antes de se recuperar para 4,9% em 2023.
Brasil
Uma série de fatores, incluindo o aumento da inflação, a guerra na Ucrânia, condições climáticas desfavoráveis, incerteza política e a disseminação da variante ômicron no início de 2022, corroeram o sentimento e prejudicaram o crescimento no Brasil. As exportações de commodities provavelmente se fortalecerão, mas a inflação mais alta deverá afetar o poder de compra das famílias e prejudicar o crescimento do consumo, além de desencadear um aperto adicional da política monetária, aponta a OCDE, que prevê que o crescimento do PIB deverá desacelerar acentuadamente para 0,6% em 2022, antes de subir para 1,2% em 2023. Em dezembro, a OCDE havia projetado um crescimento de 1,4% em 2022.
Ainda segundo a organização, a inflação deve permanecer alta em 2022, com média de 9,7%, antes de cair para 5,3% em 2023 como o impacto do aperto da política monetária.