Banco do Brasil promete R$ 175 bi para o Plano Safra 22/23
Recurso é para financiar máquinas e insumos. Porém, com Selic a 12,75% ao ano, será difícil produtor rural se interessar
Pablo Valler
Os três primeiros meses de 2022 geraram lucro líquido recorde ao Banco do Brasil de R$ 6,6 bilhões. Em relação ao trimestre anterior, alta de 17,6%. De um ano para o outro: 34,6%. Valorização raramente observada em empresas públicas.
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Os resultados foram mostrados durante a primeira coletiva de imprensa presencial pós-pandemia, que aconteceu em São Paulo (SP) nesta 5ª feira (12.maio). Não houve comparação de números com outras instituições financeiras, porém, para o presidente Fausto Ribeiro está claro que "aquele gap entre Banco do Brasil e privados diminuiu significativamente em alguns cenários. Em outros, ultrapassamos nossos pares".
O destaque seria resultado do foco em negócios robustos, com a maior carteira exclusiva para o agro, que movimentou R$ 254,6 bilhões em março. Quase 30% a mais que o mesmo mês do ano passado. São 755 mil clientes em 5.391 municípios. Atendimento que pode ser expandido com uma novidade, a Carreta Agro, que desde o começo do ano já passou em 60 cidades e prospectou outros R$ 1,8 bilhão.
Vontade de investir o agronegócio tem, já as condições é que não estão muito favoráveis.
Plano Safra
Além do que o Banco do Brasil cede para investimentos comuns, existe aquele dinheiro destinado exclusivamente ao Plano Safra, liberado apenas em conjunto com subsídio do governo federal.
Há dois meses a verba do Banco do Brasil e de outras instituições estão travadas. A Secretaria do Tesouro Nacional suspendeu as contratações nas modalidades de custeio, investimento e comercialização. Simplesmente porque a Selic está três ou quatro vezes maior do que um ano atrás. Desse modo, o sudsídio para o juro também acabaria mais rápido.
Nesta 5ª (12.maio), o governo federal liberou R$ 868 milhões como suplemento de crédito para o Plano Safra. Os negócios podem voltar a acontecer. "Podem" porque ainda assim o juro está alto, lamentam produtores rurais por todo o país. "Tem instituições financeiras cobrando mais que a Selic, chegando a 20% ao ano", reclama Bruno Lucchi, diretor técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
"Não seria o caso do Banco do Brasil", crava o vice-presidente Ricardo Forni. Ele garante condições mais justas, até porque a entidade é pública. Mas, as taxas do ano passado seriam impossíveis. Seria uma frustração para o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Marcos Montes.
Antes de viajar para a África, onde busca acordos para o fornecimento de fertilizantes, o recém-nomeado ministro disse à imprensa e em suas redes sociais que seu maior objetivo é "um Plano Safra melhor ou igual ao do ano passado". Marcos terá que contar com apoio do próprio governo federal para isso.
"Os bancos não podem fazer nada. Infelizmente, a diferença é grande e teremos que contar com a equalização como consequência de um projeto do governo federal", disse Ribeiro. "O BB já é um dos que mais disponibiliza recursos para financiamento via Plano Safra. Ano passado foram R$ 145 bilhões e esse vão ser mais: R$ 175 bi", prometeu.
Além disso, o presidente comentou sobre uma novidade que o banco está preparando. "Estamos procurando investidores que queiram apostar em negócios do agro baseados no Plano ABC+. Estamos conversando para entender se seria interessante uma nova linha de investimentos, que podemos lançar em breve."
O Plano ABC+ é uma série de orientações que o Mapa publicou para que agricultores e pecuaristas adaptem suas produções, tornando-as mais sustentáveis. Ao comprovar a eficiência, os mesmos conseguiriam descontos em financiamentos, cedidos pelo próprio banco.