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Pandemia acentuou dificuldades para mulheres empreendedoras

Entre os donos de negócios, 34% são mulheres, longe dos 51,8% que elas representam na população total

Pandemia acentuou dificuldades para mulheres empreendedoras
mulheres sentadas ao redor de uma mesa
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Um cenário que já não era bom e ficou ainda pior na pandemia: abrir e manter um negócio no Brasil é mais difícil para mulheres. De acordo com o Sebrae, as medidas restritivas impostas em decorrência do coronavírus tiveram maior impacto sobre as empreendedoras. Hoje, já há sinais de uma lenta recuperação, mas os índices ainda estão abaixo do pré-pandemia. Levantamento do Sebrae feito com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua do IBGE (PNAD) mostra que, no último trimestre de 2021, o percentual de mulheres entre os donos de negócios era de 34% -- menor que os 34,8% da melhor marca histórica, que também está longe de refletir os 51,8% de mulheres na população total do país.

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"Não só no Brasil, mas no mundo, existe uma disparidade absurda vivida por homens e mulheres no poder", ressslta a especialista em empreendedorismo Juliana Guimarães. Ainda segundo ela, um dos principais desafios que as mulheres enfrentam é a falta de recursos "Startups fundadas por mulheres recebem menos da metade dos investimentos que as fundadas por homens, sendo que aquelas que são fundadas ou co-fundadas por mulheres produzem 10% a mais de receita." 

Aliada à pandemia, a falta de valorização e de incetivos, foi fatal para o negócio da confeiteira Patrícia Lucena. As dificuldades foram tamanhas que a levaram a mudar o rumo: "Confesso que hoje o meu foco não é mais empreender. A rasteira que tomamos foi decisiva para minha mudança".

Situação semelhante aconteceu com as também empresárias Carol Ludwing, que precisou fechar a Puro Brigadeiria e Doces depois de sete anos, e Ana Beatriz Arcoverde, que enfatiza que a falta de respaldo jurídico e financeiro acaba por fazer com que muitas mulheres desistam de empreender. Não foi, porém, o caso dela. "As coisas ficaram meio complicadas, mas eu estou voltando a ser empresária", diz.

Machismo

Juliana Guimarães explica que a pandemia escancarou a jornada até tripla que algumas mulheres enfrentam -- uma sobrecarga de trabalho diário que engloba não só a nossa carreira profissional, mas também os afazeres domésticos e a educação dos filhos. "Todas nós mulheres enfrentamos um desafio em organizar nosso tempo e prioridades. Um negócio para tocar, família para cuidar, casa e saúde que não podemos esquecer", elenca Carol Ludwing sobre a sua jornada como empreendedora. 

Além dessas dificuldades, as mulheres ainda precisam lidar com o machismo estrutural. Estudo feito pela rádio Struggles mostra que, a cada duas mulheres diretoras de empresa, uma teve que superar preconceitos por gênero. A Dona da Ravioli e Cia, Daiana Paes, enfrentou o machismo e o "olhar crítico e desconfiado de alguns prestadores de serviço em relação à minha capacidade de realizar tarefas consideradas tipicamente masculinas como, acompanhar o andamento de uma obra ou reforma, analisar e opinar sobre orçamentos de manutenção das máquinas e equipamentos da fábrica, gerir a implantação de um novo software de gestão, realizar uma negociação comercial, entre outras coisas". 

Ainda que existam mulheres empreendedoras, o percentual é pequeno. "Uma coisa que tem que ser observada é que, de todos os meus grandes parceiros, eu era a única mulher", relata Ana Beatriz Arcoverde. "O mercado, as empresas, os sistemas governamentais, eles precisam de diversidade, de perspectivas distintas para poder crescer, evoluir, inovar", arremata Juliana Guimarães.

Nesta 3ª feira (8.mar), o presidente Jair Bolsonaro (PL) lançou o programa de fomento ao empreendedorismo feminino "Brasil Pra ELAS". A iniciativa prevê o aumento da oferta de crédito para criação de empresas lideradas por mulheres. E, em parceria com o Sebrae, o projeto deve ainda ampliar programas de capacitação e qualificação profissional para empreendedoras. 

Migração

Empresária e fundadora da Expo Brazil nos Estados Unidos, Vanessa Oliveira, acompanhou viu seu negócio crescer após se mudar para os Estados Unidos. Desde 2020, ela realiza uma feira de negócios para divulgar marcas, ajudando mulheres que enfrentam os mesmos desafios que ela já enfrentou.

Arquivo pessoal
Vanessa apoia mulheres que desejam empreender fora do Brasil | Reprodução/ Arquivo Pessoal 

"A gente queria ser esse apoio para as mulheres, para as empreendedoras porque é muito difícil quando você muda de país chegar sem ter um norte, uma direção", conta.

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