Negócios: ao menos 15 empresas desistiram de IPOs em janeiro
Desistências podem estar vinculadas à frustração de expectativas em relação ao cenário econômico
O ano de 2022 não começou tão positivo para as empresas que decidiram estrear na Bolsa de Valores. Só em janeiro, ao menos 15 empresas desistiram de suas ofertas iniciais (IPOs) ou subsequentes (follow-ons).
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As desistências podem ser atribuídas ao não cumprimento das expectativas das empresas em relação ao cenário econômico que vive o Brasil. Em um momento de taxa de juros elevada e, consequentemente, menor crescimento da economia, é natural que a receptividade do mercado não seja boa. É o que explica o economista Eduardo Martins, da BMJ Consultores Associados.
"Com juros mais altos, a atratividade de ativos de maior risco é reduzida, visto que o retorno de ativos de menor risco, indexados pela taxa de juros, aumenta. O aumento nos juros também significa um freio no crescimento econômico, visto que existem menos incentivos para o consumo e, consequentemente, para a produção", ressalta Martins.
"Empresas podem observar esse movimento e avaliar que o crescimento econômico não será o suficiente para fazer com que o processo de abertura de capital valha a pena", acrescenta.
Segundo o especialista, as ofertas públicas de ações podem ser divididas em duas categorias: as ofertas públicas iniciais, conhecidas como IPOs, e as follow-ons.
IPOs são a primeira oferta pública de ações de uma empresa. É o momento no qual ela entra na Bolsa de Valores como uma empresa que pode receber investimentos. Esse tipo de oferta ocorre geralmente quando empresas estão em expansão e precisam de uma forma de angariar recursos de terceiros para realizar este processo. É um processo longo e custoso que envolve coletar e disponibilizar diversas informações para o público, de forma a melhor embasar os investidores e para que o Banco Central saiba se há condições de tornar a empresa pública.
Já o follow-on se difere do IPO em razão do momento em que ocorre. Se o IPO é a estreia da empresa na Bolsa, o follow-on é toda a oferta subsequente. Caso uma empresa que já possui ações na Bolsa decide que são necessários mais investimentos, ela pode emitir novos papéis para captar esses recursos.
Entre os desistentes estão a rede de academias Bluefit, a Dori Alimentos, o Madero e a Monte Rodovias. Veja a lista completa a seguir, segundo a Comissão de Valores Mobiliários, autarquia vinculada ao Ministério da Economia:
- MONTE RODOVIAS S.A.
- AMMO VAREJO S.A.
- BLUEFIT ACADEMIAS DE GINÁSTICA E PARTICIPAÇÕES S.A.
- MADERO INDÚSTRIA E COMÉRCIO S.A.
- DORI ALIMENTOS S.A.
- ENVIRONMENTAL ESG PARTICIPAÇÕES S.A.
- VERO S.A.
- ISH TECH S.A.
- COTY BRASIL COMÉRCIO S.A.
- CLARANET TECHNOLOGY S.A.
- FULWOOD S.A.
- CENCOSUD BRASIL COMERCIAL S.A.
- HOLDING VERZANI & SANDRINI
- CANTU STORE S.A
- BRASKEM S.A.
Para este semestre, não se vislumbra uma redução significativa na inflação, o que fará com que a atratividade na abertura de IPOs continue baixa, explica Martins. "No segundo semestre, as eleições não podem ser descartadas como um fator de alteração nas expectativas, que podem fazer com que o mercado fique mais ou menos otimista a depender das sinalizações da sucessão eleitoral", arremata.