Mulheres negras empreendem em comunidades periféricas
Empreender na periferia é mais desafiador do que em outras regiões
SBT News
O investimento inicial de empreendedores na periferia chega a ser 37 vezes menor do que o aplicado em outras regiões, segundo uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas, FGV. E, são principalmente as mulheres negras à frente dos desafios na hora de empreender nas comunidades.
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Com mãos ágeis, Sara transforma mechas em tranças no salão que abriu há pouco mais de um ano, em São Bernardo do Campo. "Eu trabalhava em outros salões, né? Mas o retorno financeiro, pra mim, não estava satisfatório aí eu preferi trabalhar por conta própria, dentro da área que eu já gosto, que já conheço" afirma Sara.
Logo ela percebeu que tinha a chance de mudar mais que o visual das pessoas. Passou a alugar cadeiras para que outras mulheres de comunidades também trabalhassem como trancistas. Fabiana foi a primeira. "Eu só vim com a mão de obra. De certa forma ela ajudou muito, 100% na vida", conclui Fabiana.
O que Sara faz no salão, é definido pelos economistas como empreendedorismo social. Iniciativas que, além de garantir trabalho e renda, ao proprietário. Também beneficiam outras pessoas com serviços, produtos ou oportunidades.
Só que empreender na periferia é mais desafiador do que em outras regiões. Um estudo da Fundação Getúlio Vargas identificou que a falta de capital inicial não é o único problema na hora de abrir negócios nestas áreas.
Quando você está fora da periferia, muitas vezes, se você errar, falir, ter um problema tudo bem, você tem uma outra oportunidade mais na periferia você não pode errar. Porque errar significa acabar aquela renda que é importante pra sobrevivência diária.
Ainda de acordo com a pesquisa, 70 % dos empreendedores da periferia são mulheres negras, como a Sara, que tem superado os obstáculos. Hoje ela compartilha o salão com 8 profissionais. E, já planeja expandir o formato para outras comunidades.
"Eu gostaria de colocar um projeto deste em cada cidade com escassez de mão de obra de trabalho, principalmente com cabelo crespo, mas eu me senti empoderada por mim - porque eu posso ir muito além do que as pessoas me limitam", conclui Sara.