BC prevê nova alta da Selic na "mesma magnitude" em novembro
Pressão inflacionária obriga Banco Central a forçar a queda do consumo via juros altos
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A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de elevar novamente a taxa Selic não surpreendeu analistas do mercado e economistas. Mas poucos estimavam uma alta tão elevada, de 1,5 ponto percentual. A taxa básica de juros, anunciada nesta 4ª feira (27.out), passou de 6,25% para 7,75% ao ano, a mais alta desde outubro de 2017.
Em nota, o Banco Central adiantou que, na próxima reunião do Copom, em dezembro, poderá haver nova alta "da mesma magnitude". "Os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados para assegurar o cumprimento da meta de inflação e dependerão da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação para o horizonte relevante da política monetária", informou.
O BC apontou três fatores para justificar a atual elevação: cenário externo desfavorável, com pressão inflacionária nas principais economias do mundo; fraca retomada da economia brasileira, abaixo do esperado pela autoridade monetária; e inflação ao consumidor elevada.
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Diante da escalada inflacionária, que não dá sinais de retração, a alta expressiva da Selic indica uma postura cada vez mais agressiva da autoridade monetária no sentido de frear o consumo. No economês característico das informações divulgadas pelo BC, "é apropriado que o ciclo de aperto monetário avance ainda mais no território contracionista".
Arma contra inflação
Para o economista Otto Nogami, da USP de Ribeirão Preto (SP), quando a taxa está elevada, cai a quantidade de dinheiro em circulação no país, os bancos aumentam os juros e, com isso, há uma "freada na inflação por conta da queda no consumo". Mas ele alerta que estamos nas proximidades da Black Friday e do Natal, e que as pessoas vão continuar consumindo. A pergunta que ele deixa no ar é: "os produtores terão como atender (essa demanda)?".
O coordenador do MBA em Gestão Financeira da Fundação Getulio Vargas (FGV), Ricardo Teixeira, acrescenta que o fator "pandemia" ainda provoca reflexos negativos na economia brasileira. "A pandemia criou um ambiente propício para o aumento da inflação. A falta de autonomia das empresas diante de uma crise eleva os custos para produzir e a procura por produtos que a indústria não está conseguindo abastecer são fatores que contribuem para a alta da inflação", explicou o professor.