Crise econômica ajudou a evitar apagão, diz especialista
PIB e consumo em baixa foram responsáveis por não aumentar a demanda por energia elétrica
André Anelli
A crise energética enfrentada no país não evoluiu para um apagão, como em 2001, pela falta de crescimento econômico. Essa é a avaliação do diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura, Pedro Rodrigues. Em entrevista ao SBT nesta 6ª feira (15.out), o especialista também associa a diminuição da circulação econômica à pandemia.
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"Se a gente tem menos crescimento, a gente tem menos consumo de energia. O Brasil teve um crescimento baixo ou quase nenhum nos últimos dez anos", diz o especialista. "O Brasil não está crescendo, o risco de ter falta de energia diminui, dado que a oferta de energia vai se encontrando com a demanda", complementa.
No primeiro ano da pandemia, a economia brasileira passou por grandes retrocessos. Só no segundo trimestre do ano, o Produto Interno Bruto (PIB) despencou 9,7%, o que levou os índices ao patamar de 2009. No acumulado do ano, a queda foi de 4,1% frente a 2019, a menor taxa histórica da série histórica iniciada em 1996.
Apesar do aumento do consumo de energia ser barrado pela crise econômica, o Brasil enfrenta uma crise energética que motivou sobretaxa de R$ 14,20 por cada 100 kw/h consumidos. A chamada "bandeira da escassez hídrica", no entanto, é motivada pela pior crise hídrica enfrentada pelo país nos últimos 91 anos. Sem água suficiente para geração em hidrelétricas, termelétricas mais caras são acionadas.
A alta na conta de luz fez o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) dizer que iria determinar o fim da cobrança extra ao ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque. Uma reunião com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), prevista para 5ª feira da semana que vem (21.out), deve decidir a questão. Mas o baixo nível de reservatórios, que nas regiões centro-oeste e sudeste chega a 16,86%, deve inviabilizar o cumprimento da ordem.
Para o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura, forçar o fim da sobretaxa sem condições hídricas pode comprometer o abastecimento energético no longo prazo. "Acredito que o ministério deva manter a tarifa, para que a demanda seja mantida, e não tenhamos racionamentos ou apagões", defende.