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Economia

Comércio deve ter a pior Páscoa desde 2008

Vendas de chocolates, pescados e hotelaria serão as mais prejudicadas

Imagem da noticia Comércio deve ter a pior Páscoa desde 2008
Movimentação nas vendas de varejo deve chegar a R$ 1,62 bilhão, menor volume desde 2008 | Marcelo Camargo/Agência Brasil
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As restrições adotadas para controlar a pandemia de covid-19, limitando a circulação de pessoas e o funcionamento dos estabelecimentos, devem afetar as vendas mais tradicionais durante a Semana Santa - tradição católica que celebra a Sexta-Feira Santa e a Páscoa, exaltando a morte e ressurreição de Jesus Cristo. 

A data comemorativa, considerada a quinta mais importante para o varejo brasileiro, impulsiona as vendas comerciais como pescados e chocolates, assim como o turismo doméstico. Contudo, pelo segundo ano consecutivo, a celebração vai ocorrer em meio às restrições que afetam tanto as cerimônias religiosas, quanto as atividades comerciais. Segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), as vendas no varejo devem ser 2,2% inferiores às de 2020, resultando na movimentação de R$ 1,62 bilhão, o menor volume desde 2008.

"Esse é um segmento que, historicamente, depende de um consumo presencial. Ainda há uma grande dificuldade de adaptação das vendas on-line para a compra de itens como chocolate, ovos de Páscoa e produtos de supermercado, apesar de todos os avanços já feitos pelas empresas", esclarece José Roberto Tadros, presidente da CNC.

Além disso, Tadros acrescenta que a retração nas vendas será devido ao fato de que parte da população viu sua renda cair em um momento em que a desvalorização do real frente ao dólar encareceu a importação de alguns produtos típicos. De acordo com a confederação, a quantidade de chocolate importada, cerca de 2,9 mil toneladas, foi a menor desde 2013 e a de bacalhau, 2,26 mil toneladas, foi a mais baixa desde a Páscoa de 2009.

Segundo dados do Banco Central, 28,4% da renda dos brasileiros está comprometida com o pagamento de dívidas. "O auxílio emergencial ajuda a desafogar o orçamento doméstico e, nesse sentido, contribui para o consumo. Mas a capacidade de contração de crédito está prejudicada pelo patamar recorde de comprometimento da renda das famílias", aponta Fabio Bentes, economista da CNC responsável pelo estudo.

Chocolate

O presidente da Associação Brasileiro da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas (Abicab), Ubiracy Fonsêca, enfatizou que os fabricantes de chocolate tiveram que levar em conta a perda do poder aquisitivo de parte dos consumidores e aumentar suas estratégias de vendas, procurando oferecer produtos mais acessíveis à população.

"Apesar das dificuldades, estamos otimistas. Até porque, cerca de 80% das vendas de ovos de Páscoa acontecem nos supermercados, que estão funcionando normalmente em quase todo o país. Além disso, muitos comerciantes se prepararam para atender aos consumidores pela internet", comentou Fonsêca, garantindo que as vendas on-line deram um salto após o início da pandemia.

Pescados

A venda dos pescados, tradicionais na celebração, comporta diferentes realidades. Alguns comerciantes, cujos principais clientes são os supermercados, continuam atingindo suas metas, já outros, que passaram a fazer entregas dos produtos ainda frescos até a casa dos clientes, viram suas vendas caírem drasticamente.

"No nosso caso, as vendas caíram em torno de 60% a 70%. Esta é uma situação totalmente nova para todo mundo, incluindo os clientes. Muitos, que comem peixe sempre e são nossos fregueses há tempos, nos telefonaram e anteciparam seus pedidos, mas há também aqueles que gostam de vir ao mercado, de ver o peixe, escolher. Desses, parte não compra sem olhar o produto, não tem uma relação de confiança já estabelecida", comentou o comerciante Alex Vieira, dono de um boxe no Mercado de Peixes em Santos. 

Hotelaria

O setor hoteleiro, acostumado a aguardar uma boa movimentação por conta do turismo doméstico durante o feriado, deve ser o mais afetado. De acordo com o presidente nacional da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH Nacional), Manoel Linhares, a taxa de ocupação dos hotéis de todo o país deve ficar abaixo dos 10%, o que acaba agravando a crise decorrente da pandemia.

"A hotelaria está preparada para receber os hóspedes, adotando todos os protocolos recomendados pelas autoridades sanitárias, mas com parques, restaurantes e outras atrações fechadas em quase todo o país. A situação está muito difícil. Só em São Paulo, 27 hotéis já fecharam as portas, demitiram funcionários e os responsáveis estão decidindo o que fazer com os imóveis", disse Linhares. 

Em pedido, Linhares disse que o Poder Pública precisa promover campanhas para estimular os brasileiros a viajar pelo país depois que a pandemia estiver sob controle, e que os governos estaduais e municipais ajudem o setor reduzindo impostos e taxas, mesmo que temporariamente. Para ele, se algo não for feito, muitos hotéis terão que encerrar suas atividades.

 
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