Economia
Saída da Ford não afeta otimismo por investimentos no Brasil, diz Montezano
Afirmação do presidente do BNDES foi feita no programa Poder em Foco
Roseann Kennedy
• Atualizado em
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O presidente do BNDES, Gustavo Montezano, afirmou que a saída da Ford do Brasil não afeta o otimismo nem a perspectiva de investimentos no país. "De forma nenhuma. No contexto das empresas automobilísticas globais, você ter uma redução da capacidade produtiva para veículos "tradicionais", "é normal", disse em entrevista ao Poder em Foco, que vai ao ar neste domingo (17), no SBT.
Montezano avaliou que o setor passa por uma reacomodação mundial, com a fusão de várias marcas para sobreviver à concorrência e o surgimento de novas montadoras. "A produtora de carros mais valiosa, hoje, não fazia carros há quinze, vinte anos. A Tesla, que faz carro elétrico, vale múltiplas vezes todas as demais empresas somadas", destacou.
Ele lamentou o fechamento Ford e a perda de empregos, mas disse que o mercado de trabalho precisa ser olhado sob uma perspectiva global. "A gente criou mais de 400 mil novas vagas em novembro. Então, quando se compara cinco mil a mais de quatrocentas mil, é ruim (perder) cinco mil, mas olhando a figura total, o Brasil está andando pra frente e a geração de emprego acontecendo, apesar da crise que a gente viveu", concluiu.
Na visão do presidente do BNDES, do ponto de vista da concessão de crédito, não havia nada que o governo pudesse fazer para tentar manter a Ford no Brasil. "Sob a ótica de financiamento, empréstimo, não havia. Fizemos o melhor possível. Sob a ótica tributária, os aspectos regulatórios do setor, não há nada do meu conhecimento, mas não sou especialista", ressaltou.
Nos últimos 20 anos, a indústria automobilística recebeu dezenas de subsídios, reduções de impostos e linhas de crédito. A estimativa é de que somente a Ford recebeu mais de R$ 3,5 bilhões desde o ano 2000. Montezano informou que o empréstimo mais recente, de 2017, é da ordem de R$ 350 milhões.
O BNDES pediu explicações à empresa, analisa juridicamente os próximos passos a serem adotados e não descarta a possibilidade de cobrar o pagamento antecipado da dívida.
"A gente está avaliando os detalhes juridicamente. O que é o posicionamento deles e qual o reflexo disso aí na nossa relação creditícia. Mas, com um grupo como a Ford, não são R$ 350 milhões que vão mudar completamente a vida deles. No limite do limite, a gente vai exigir o repagamento do empréstimo e isso será decidido, enfim, com fundamentação técnica", explicou.
O presidente do BNDES apostou que o setor de saneamento será um dos mais atrativos do Brasil para investidores externos neste ano. "O setor é um carro-chefe no Brasil porque conjuga tanto o financeiro quanto o sócio-ambiental. O que mais procuram hoje é esse equilíbrio. São os investimentos que se chamam ASG - ambiental, social e governança, que é a temática do momento no mercado financeiro", pontuou.
Para Montezano, é exatamente o que oferece o leilão da Cedae (Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro), marcado para abril. A concessão prevê a arrecadação de mais de R$ 30 bilhões de investimento e geração de mais de quarenta mil empregos. "Além disso, tem um impacto ambiental gigante, melhora a saúde das pessoas, o nível educacional. O turismo valoriza".
Gustavo Montezano é engenheiro mecânico e mestre em economia. Começou a carreira no mercado financeiro. No governo Bolsonaro, também foi secretário adjunto de Desestatização e Desinvestimento do Ministério da Economia, deixou o cargo para assumir o BNDES em julho de 2019, por indicação do ministro Paulo Guedes.
O Poder em Foco vai ao ar todo domingo, logo após o Programa Sílvio Santos. É apresentado por Roseann Kennedy, que semanalmente recebe um jornalista convidado. Nesta semana é o sócio-fundador da Agência Infra, Dimmi Amora.
Montezano avaliou que o setor passa por uma reacomodação mundial, com a fusão de várias marcas para sobreviver à concorrência e o surgimento de novas montadoras. "A produtora de carros mais valiosa, hoje, não fazia carros há quinze, vinte anos. A Tesla, que faz carro elétrico, vale múltiplas vezes todas as demais empresas somadas", destacou.
Ele lamentou o fechamento Ford e a perda de empregos, mas disse que o mercado de trabalho precisa ser olhado sob uma perspectiva global. "A gente criou mais de 400 mil novas vagas em novembro. Então, quando se compara cinco mil a mais de quatrocentas mil, é ruim (perder) cinco mil, mas olhando a figura total, o Brasil está andando pra frente e a geração de emprego acontecendo, apesar da crise que a gente viveu", concluiu.
Apoio do Governo
Na visão do presidente do BNDES, do ponto de vista da concessão de crédito, não havia nada que o governo pudesse fazer para tentar manter a Ford no Brasil. "Sob a ótica de financiamento, empréstimo, não havia. Fizemos o melhor possível. Sob a ótica tributária, os aspectos regulatórios do setor, não há nada do meu conhecimento, mas não sou especialista", ressaltou.
Nos últimos 20 anos, a indústria automobilística recebeu dezenas de subsídios, reduções de impostos e linhas de crédito. A estimativa é de que somente a Ford recebeu mais de R$ 3,5 bilhões desde o ano 2000. Montezano informou que o empréstimo mais recente, de 2017, é da ordem de R$ 350 milhões.
O BNDES pediu explicações à empresa, analisa juridicamente os próximos passos a serem adotados e não descarta a possibilidade de cobrar o pagamento antecipado da dívida.
"A gente está avaliando os detalhes juridicamente. O que é o posicionamento deles e qual o reflexo disso aí na nossa relação creditícia. Mas, com um grupo como a Ford, não são R$ 350 milhões que vão mudar completamente a vida deles. No limite do limite, a gente vai exigir o repagamento do empréstimo e isso será decidido, enfim, com fundamentação técnica", explicou.
Novos investimentos
O presidente do BNDES apostou que o setor de saneamento será um dos mais atrativos do Brasil para investidores externos neste ano. "O setor é um carro-chefe no Brasil porque conjuga tanto o financeiro quanto o sócio-ambiental. O que mais procuram hoje é esse equilíbrio. São os investimentos que se chamam ASG - ambiental, social e governança, que é a temática do momento no mercado financeiro", pontuou.
Para Montezano, é exatamente o que oferece o leilão da Cedae (Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro), marcado para abril. A concessão prevê a arrecadação de mais de R$ 30 bilhões de investimento e geração de mais de quarenta mil empregos. "Além disso, tem um impacto ambiental gigante, melhora a saúde das pessoas, o nível educacional. O turismo valoriza".
Perfil
Gustavo Montezano é engenheiro mecânico e mestre em economia. Começou a carreira no mercado financeiro. No governo Bolsonaro, também foi secretário adjunto de Desestatização e Desinvestimento do Ministério da Economia, deixou o cargo para assumir o BNDES em julho de 2019, por indicação do ministro Paulo Guedes.
O Poder em Foco vai ao ar todo domingo, logo após o Programa Sílvio Santos. É apresentado por Roseann Kennedy, que semanalmente recebe um jornalista convidado. Nesta semana é o sócio-fundador da Agência Infra, Dimmi Amora.
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