Rede privada brasileira negocia 5 milhões de doses de vacina indiana
Neste domingo o imunizante Covaxin teve o seu uso emergencial aprovado na Índia
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Ariane Ueda
• Atualizado em
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A Associação Brasileira das Clínicas de Vacinas (ABCVAC) informou neste domingo (3.jan) que negocia a compra de 5 milhões de doses da vacina contra a covid-19 do laboratório indiano Bharat Biotech. O imunizante, chamado de Covaxin, teve o seu uso emergencial aprovado na Índia no útimo sábado (2.jan), o que pode acelerar o processo de autorização no Brasil junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
A vacina, administrada em duas doses com intervalo de duas semanas entre elas, induziu um anticorpo neutralizante, provocando uma resposta imune e levando a resultados eficazes em todos os grupos de controle, sem eventos adversos graves relacionados à vacina. Na última fase antes da liberação para uso emergencial, ela foi aplicada em 26 mil voluntários em 22 localidades da Índia. A Covaxin, permite que o acondicionamento da vacina seja realizado entre 2° a 8°C. A projeção é de que sua validade contra a covid-19 seja de 24 meses.
Segundo a ABCVAC, o imunizante está há 40 dias em processo de submissão contínua e segundo o presidente da ABCVAC, Geraldo Barbosa, a expectativa é que o resultado da terceira fase dos testes saia ainda no mês de janeiro. Se isso se confirmar, o laboratório deve entrar em fevereiro com pedido de registro definitivo. Em um cenário otimista, de acordo com ele, a vacina deve estar disponível nas clínicas particulares do Brasil na segunda quinzena de março.
A Anvisa porém, informou que a vacina da Bharat Biotech não está em processo de submissão contínua. E que a informação é que fizeram um primeiro contato, mas não avançou. A ABCVAC informou que a submissão foi iniciada no dia 04/11, mas como estava na fase dois foi arquivado. Como entrou na fase 3, foi reiniciado o pedido de desarquivamento.
A ABCVAC tem 200 associados, o que representa 70% do mercado privado nacional. Para chegar ao pedido de cinco milhões de doses, a associação fez um levantamento junto às clínicas de vacinação do país que apresentaram a sua demanda inicial. Geraldo ressalta que a dificuldade para conseguir as doses se deve porque o laboratório só pode fornecer as doses de excesso de produção, já que tem negociações com alguns governos. "Mas estamos esperançosos e confiantes pois o laboratório pretende aumentar a capacidade de produção. Pretendemos aumentar a quantidade de doses pré-reservadas." A Bharat Biotech possui capacidade produtiva de 300 milhões de dose, que devem atender ao mercado interno indiano e também ao sistema público de saúde brasileiro, por meio de um protocolo de intenções firmado com o governo.
Um memorando de intenção de compra das vacinas já foi assinado há 20 dias entre a ABCVAC e o laboratório indiano. Nesta segunda-feira (4.jan), representantes da associação embarcam para a cidade de Hyderabad, capital do estado de Telangana, no sul da Índia para visitar o laboratório, conhecer a capacidade de produção, e dar andamento às tratativas de compra.
Ainda não há estimativa de quanto custará a vacina na rede privada. Isso vai depender do valor que sairá do laboratório e do custo para a sua distribuição nas clínicas.
Repercussão
O Deputado Federal Marcelo Freixo (PSOL), se procunciou em suas redes sociais neste domingo que " não permitiremos que a imunização seja tratada como privilégio":
Clínicas privadas estão comprando 5 milhões de doses de vacina. Não permitiremos que a imunização seja tratada como privilégio. Ela é direito de todos, tem que seguir critérios do SUS e ser feita gratuitamente, priorizando grupos de risco, não quem tem dinheiro p/ furar a fila.
A ABCVAC infomou que a venda das vacinas para o mercado privado não irá impactar o fornecimento do imunizante para o sistema público, já que as doses fazem parte de uma produção adicional do laboratório.