Saques e depósitos de donos e familiares da 123 Milhas chamam atenção de CPI das Pirâmides
Movimentações de reembolsos ocorreram dois dias depois de os parlamentares aprovarem convocações. Empresa diz que relação é leviana
Leonardo Cavalcanti
Movimentações financeiras dos donos e familiares ligados à 123 Milhas chamaram a atenção dos integrantes da CPI das Pirâmides Financeiras. Os parlamentares aprovaram em 21 de agosto as convocações de pessoas ligadas à empresa de milhagem. Quarenta e oito horas depois, no entanto, ocorreram depósitos nas contas com os mesmos valores de saques feitos em dias anteriores. A ação dos empresários, que remete à susposta ocultação de recursos, é um dos itens do relatório da investigação da Câmara dos Deputado, que será apresentado nesta 2ª feira (9.out).
Os valores de parte das transações de saques e depósitos ultrapasam os R$ 2 milhões. A empresa nega as irregularidades. "Os pagamentos de empréstimos contabilizados pela 123 Milhas foram devolvidos pelos seus credores, entre os dias 24 e 28 de agosto, exclusivamente em razão da decisão da empresa de pedir Recuperação Judicial, protocolada no dia 29 de agosto de 2023. Tal medida foi tomada para que não houvesse privilégio no pagamento dos credores, como determina a Lei." Durante depoimento à própria CPI os sócios da 123 Milhas negaram o esquema de pirâmide financeira. A CPI fecha os trabalhos com 65 pessoas ouvidas, 97 quebras de sigilos bancários e outra 103 fiscais. Ao todo, foram votados 226 requerimentos e recebidos mais 10.500 arquivos.
Confira a nota completa da 123 Milhas enviada à reportagem:
"A 123milhas informa que é leviana a afirmação de que sócios realizaram movimentações de reembolso de recursos para a empresa após serem convocados para depor na CPI das Pirâmides Financeiras. Os pagamentos de empréstimos contabilizados pela 123 Milhas foram devolvidos pelos seus credores, entre os dias 24 e 28 de agosto, exclusivamente em razão da decisão da empresa de pedir Recuperação Judicial, protocolada no dia 29 de agosto de 2023. Tal medida foi tomada para que não houvesse privilégio no pagamento dos credores, como determina a Lei. O ato demonstra boa-fé e rigidez de conduta dos sócios, e não o contrário como faz parecer a Comissão."