CPMI do 8/1 rejeita convocação de membro da Força Nacional
Sem acordo entre base de governo e oposição, Arthur Maia leva a votação pedido de bolsonaristas, sob protestos
Ricardo Brandt
Sem acordo entre os membros da bases de apoio ao governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e de oposição, a CPMI dos Atos Golpistas do 8 de Janeiro colocou em votação, na manhã desta 3ª feira (03.out) o ex-chefe do Batalhão de Pronto Emprego coronel Sandro Augusto de Sales Queiroz. O pedido dos aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi rejeitado.
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A votação do pedido não estava na pauta da sessão, marcada para ouvir o depoimento do produtor de soja Argino Bedin, de Mato Grosso. Alvo de processo no Supremo Tribunal Federal (STF) por supostamente ter financiado os atos golpistas, após a derrota de Bolsonaro, permanece calado.
A decisão de votar o pedido foi do presidente da CPMI, deputado Arthur Maia (União-BA), após uma reclamação do deputado Rogério Correia (PT-MG). O parlamentar da base governista questionou a não convocação do ex-ministro general Walter Braga Netto.
Maia então ficou irritado e decidiu colocar em pauta a votação do pedido para ouvir representante da Força Nacional. Condicionou a votação de pedido da base de Lula, à Requerimentos de aliados de Bolsonaro pedem a convocação de Queiroz e do ex-comandante da Força Nacional José Américo de Souza Gaia. A oposição acusa o governo Lula de suposta omissão no 8/1. "Tem que convocar a Força Nacional para mostrar que o governo podia ter evitado a invasão e nada fez", afirmou o senador Eduardo Girão (Novo-CE).
Com maioria na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito, a base de governo tem barrado pedidos da oposição, como a convocação de membros da Força Nacional e do atual ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino.
Votação
"Não posso chegar aqui e ver alguns deputados do governo jogarem pra cima de mim uma responsabilidade que eu não tenho", reclamou Maia, sobre a falta de acordo entre governo e oposição. "Estou protegendo a minoria. Não posso permitir que sejam aprovados apenas os requerimentos que querem a maioria."
Maia chegou a marcar uma reunião para esta 4ª feira (04.out) entre governo e oposição para um novo acordo sobre as últimas convocações da CPMI e sobre o relatório final. A reunião acabou desmarcada, logo depois, devido a falta de acordo.
O pedido para ouvir Queiroz foi levado a votação e acabou reprovado, por 14 votos a 10.
Na 5ª feira (05.out), a CPMI ouve o subtenente Beroaldo José de Freitas Júnior, do o Batalhão de Choque da Polícia Militar do Distrito Federal. O policial será interrogado na sessão da 5ª feira (5.out). Ele foi convocado pelo deputado Delegado Ramagem (PL-RJ). Segundo o parlamentar, o PM foi um dos que tentou impedir as depredações das sedes dos Três Poderes.
Próximo do fim - a CPMI tem até o dia 17 para encerrar os trabalhos -, a comissão ouviu 19 pessoas. Entre eles: os ex-ministros do GSI generais da reserva Augusto Heleno (do governo Bolsonaro) e Marco Edson Gonçalves Dias (do governo Lula), o ex-ajudante de ordem de Bolsonaro Mauro Cid, policiais militares do Distrito Federal, o ex-superintendente da Polícia Rodoviária Federal Silvinei Vasques, peritos criminais, os condenados pela bomba no aeroporto e o hacker da Lava Jato Walter Delgatti.
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