Desgaste de Bolsonaro abre espaço para pressão de base do governo no Congresso
Após operação da PF, deputados aliados a Lula aumentam cerco, com pedidos ao STF e na CPI do 8/1
Lis Cappi
A exposição do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) após operação da Polícia Federal e divulgação de inquérito da própria PF abriu espaço para que a base do governo no Congresso aumente a pressão em torno do político. Com denúncias que apontam venda ilegal de presentes oficiais recebidos, Bolsonaro poderá ter os sigilos fiscal e bancário quebrados, e é alvo de pedidos de deputados aliados a Lula. As solicitações vão desde outras linhas de apuração, para que alvos de operação da PF prestem depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Atos de 8 de Janeiro, ao pedido para que o passaporte do ex-presidente e da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro sejam retidos.
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Os movimentos se dão principalmente na CPMI. Neste sábado (12.ago), o deputado Duarte Júnior (PSB-MA) divulgou a solicitação para que o colegiado convoque Mauro Cesar Lourena Cid - pai do tenente-coronel Mauro Cid - e Frederick Wassef, ex-advogado de Bolsonaro. De acordo com investigação da PF, os dois fizeram parte do esquema de venda de presentes recebidos em viagens oficiais. Lourena Cid atuou para venda de itens e buscou formas de entregar US$ 25 mil em espécie a Bolsonaro. Enquanto Wassef teria ido aos Estados Unidos para recomprar um relógio de luxo. Há, ainda, evidências de que diversos presentes foram vendidos e um leilão realizado.
O tenente-coronel Mauro Cid, braço direito de Bolsonaro, e o tenente Osmar Crivelatti também são citados nas investigações. O inquérito que levou à operação da Polícia Federal na 6ª feira ainda cita o próprio ex-presidente por 96 vezes. Após a repercussão do caso, a PF solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF) quebra de sigilos fiscal e bancário de Bolsonaro.
"É muito estranho a saída do ex-presidente Jair Bolsonaro do Brasil. Ele sai e leva com ele joias, além de dinheiro, que nós tínhamos visto já através da quebra de sigilo de Mauro Cid. Então, a partir daquilo, a gente já sabia que o presidente da República acumulava dinheiro nos Estados Unidos, e nos parecia que seria para se resguardar, manter-se lá ele e sua família, enquanto se articulava esse golpe", afirma Correia.
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CPI das Joias
Outro movimento iniciado na Câmara foi o pedido de abertura para investigação das vendas por parte dos próprios parlamentares, na CPI da Joias. O movimento é encabeçado pelo deputado Tulio Gadelha (Rede-PE), que começou a recolher assinaturas para a instalação do colegiado.
"Vamos intensificar a coleta de assinaturas para criar a #CPIdasJoias e iniciar as investigações. Diante dos fatos recentes a CPI se tornou urgente e necessária. Tudo indica que o governo Bolsonaro montou um grande esquema de contrabando de joias", compartilhou o deputado. Até 6ª, o pedido havia recolhido 108 assinaturas. Para ser aberta, são necessárias 171.
Defesa de Bolsonaro
Em nota divulgada após o pedido da PF junto ao Supremo, a defesa de Bolsonaro afirmou que o ex-presidente "jamais apropriou-se ou desviou quaisquer bens públicos", que o político procurou o Tribunal de Contas da União em março para fazer o depósito de bens recebidos e que as contas bancárias de Bolsonaro estão à disposição da Justiça.
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