Coronel diz que ação da PMDF em acampamentos foi limitada por Exército
Jorge Eduardo Naime, ex-chefe do Departamento Operacional da PMDF, afirmou que Forças Armadas limitaram atuação da corporação
SBT News
O coronel Jorge Eduardo Naime, ex-chefe do Departamento Operacional da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), afirmou, nesta 2ª feira (26.jun), que o Exército impediu as investidas dos agentes de segurança pública para desmobilizar o acampamento golpista montado em frente à sede das Forças Armadas, no Setor Militar Urbano (SMU), em Brasília. A fala ocorreu durante depoimento do militar à CPI mista do 8 de Janeiro.
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"A ação da Polícia Militar no acampamento sempre foi limitada pelas Forças Armadas. A gente não tinha esse acesso pra entrar com policiamento, pra efetuar prisão, pra retirar ambulante, pra poder fazer prisões. A própria Polícia Federal foi tentar cumprir mandados de prisão dentro do acampamento e foi rechaçada pelos manifestantes. Acabaram saindo cenas na imprensa que pareciam que o próprio Exército estava expulsando a Polícia Federal de dentro do acampamento", disse Naime aos parlamentares.
O local foi apelidado pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, como "incubadora de terroristas". As autoridades acreditam que grande parte dos terroristas que invadiram e depredaram sedes dos Poderes na Esplanada dos Ministérios estavam acampados na localidade às vésperas de 8 de janeiro.
Segundo Naime, a PMDF havia montado ação para retirar, primeiro, as barracas usadas para ambulantes e, posteriormente, desmobilizar a cozinha que, segundo o coronel, "dava suporte logístico à manifestação". "E depois, aos poucos, o Exército ia retirando os manifestantes", narrou.
Ainda no depoimento, o militar defendeu que partiu do general Gustavo Henrique Dutra de Menezes, ex-chefe do Comando Militar do Planalto (CMP), a ordem para barrar a investida da PMDF junto ao acampamento. "A informação que eu recebi foi do general Dutra, foi do próprio general Dutra, desmobilizando as tropas e dizendo que não seria necessário", disse.
Naime relata, também, que Dutra teria dito aos policiais que "trouxeram efetivo demais". "Como assim efetivo demais?", teria indagado o ex-chefe da PMDF ao general, ressaltando que a corporação "tinha limitada as ações naquele território".
O policial militar está preso desde fevereiro. Ele chegou a apresentar um atestado médico alegando depressão. Mas mudou de ideia e compareceu ao colegiado.
"Hoje, mesmo numa condição mental não muito favorável, eu resolvi vir aqui em respeito à vossa excelência, em respeito ao Congresso Nacional, Casa que eu sempre defendi, que eu sempre operei e sempre estive presente das maiores operações com esta Casa, defendendo o Estado Democrático de Direito", justificou-se ao colegiado.