Segundo aliados de Lula, CPI da Pandemia já comprovava 'esquemas' de Bolsonaro
"Eu acredito que o ex-presidente vai ter muitos problemas com a justiça", disse Randolfe Rodrigues
Senadores aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmam nesta 5ª feira (4.mai) que a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid já tinha identificado supostos crimes do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em relação a vacinação dele. De acordo com os governistas, Bolsonaro se negou a dar respostas na ocasião, o que poderia ser indicativo de envolvimento em esquemas obscuros. Em 2021, a CPI da Covid ou CPI da Pandemia, investigou supostas omissões e irregularidades nas ações do governo do presidente Jair Bolsonaro durante a pandemia da Covid-19 no país.
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Entenda:
- A Polícia Federal (PF) deflagrou na 4ª feira (3.mai) a Operação Venire que mirou o ex-presidente, assessores, autoridades e militares num esquema de falsificação de cartões de vacina.
- Segundo as apurações da corporação, foram encontradas fraudes no lançamento de dados sobre vacinação contra a Covid-19, no sistema do Ministério da Saúde.
- Após a adulteração, todos os dados foram apagados do ConectSUS para não haver rastros
- O esquema era para permitir que a família Bolsonaro entrassem nos Estados Unidos sem ter tomado nenhuma dose do imunizante contra a Covid-19, algo proibido por aquele país
- A justiça autorizou o cumprimento de seis prisões e 16 buscas e apreensões. Entre os presos, o ex-ajudante de ordem de Bolsonaro, o coronel Mauro Cid, principal suspeito de iniciar o esquema fraudulento
O líder do governo no Senado, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), disse que as acusações já eram de conhecimento de todos. "Quantas vezes na CPI da Pandemia o ex-presidente não foi questionado sobre vacinação? Quantas vezes ele se negou a dar alguma resposta? Então, não é um fato novo. Eu acredito que o ex-presidente vai ter muitos problemas com a justiça. Este é só um dos problemas que ocorreram por conta de seus atos", disse.
Na mesma toada, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) afirmou que a Operação Venire, deflagrada na 4ª (3.mai) pela Polícia Federal, só confirmou o que foi investigado pelo colegiado. "A CPI já tinha investigado essas coisas à exaustão. Os dois principais indiciamentos do ex-presidente feito pela CPI diz exatamente o que a operação de ontem fez", afirmou o parlamentar.
O relatório da CPI da Covid, que foi entregue à Procuradoria Geral da República em dezembro de 2021, apontou nove crimes contra Bolsonaro: prevaricação; charlatanismo; epidemia com resultado morte; infração a medidas sanitárias preventivas; emprego irregular de verba pública; incitação ao crime; falsificação de documentos particulares; crime de responsabilidade e crimes contra a humanidade.
Segundo Randolfe, caso a operação forneça elementos sobre a participação de Bolsonaro no esquema de falsificação de documentos, será concedido o direito de defesa ao ex-presidente para que ele possa se explicar.
"Ele (Bolsonaro) pode ter certeza de uma coisa: a ele vai ser assegurado amplo direito à defesa e ao contraditório. Com relação à sociedade, é direito e dever das pessoas exigir apurações por eventuais crimes ocorram", afirmou o senador.