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Congresso

"O apoio do MDB de Alagoas será do presidente Lula", diz Renan Calheiros

Senador afirmou que não existe argumento convincente na manutenção da candidatura de Simone Tebet

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Senador Renan Calheiros (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
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O senador Renan Calheiros (MDB-AL) afirmou nesta 5ª feira (2.jun) em entrevista à repórter Débora Bergamasco no programa Perspectivas, do SBT News, que o diretório de Alagoas do Movimento Democrático Brasileiro (MDB) apoiará a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições deste ano, independentemente de a sigla ter a senadora Simone Tebet (MDB-MS) como presidenciável.

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"O palanque vai ser do Lula, o apoio do MDB de Alagoas será do presidente Lula, mas eu estou só lembrando que, em função disso, nós defendemos internamente que o partido não tenha candidato. Quer dizer, isso seria uma alternativa a não ter uma candidatura que também não tenha viabilidade. A outra hipótese seria apoiar, que eu também defendi, a candidatura do presidente Lula já no primeiro turno", falou Renan Calheiros. O pré-candidato do MDB a governador de Alagoas é o atual chefe do Executivo estadual, Paulo Dantas.

Na entrevista no Perspectivas ainda, o senador disse que não existe "um argumento que seja convincente na manutenção da candidatura" de Simone Tebet a presidente da República. "Os argumentos são todos no sentido da recomendação pela não candidatura, pela não homologação do nome democraticamente na convenção ou então pela reversão do cenário das pesquisas eleitorais. Não havendo isso, é muito difícil priorizar uma candidatura sem viabilidade e ainda defendê-la. E pior ainda, convencer os convencionais".

Pesquisa do Instituto Paraná divulgada na 4ª feira (2.jun) mostra a senadora pelo Mato Grosso do Sul em quarto lugar na corrida presidencial, com 1,4% das intenções de voto. Renan Calheiros criticou também o presidente Jair Bolsonaro (PL), segundo colocado no levantamento. Em determinado momento, disse que o atual chefe do Executivo "era um parlamentar do baixíssimo clero, ele nunca teve uma participação contributiva, propositiva, em nenhum aspecto da vida nacional". "Se beneficiou exatamente da criminalização da política, se beneficiou daquelas loucuras que foram levadas a cabo pela Lava Jato, que era um projeto de poder, quando nós falávamos isso lá atrás, as pessoas duvidavam", completou.

No mês passado, o Comitê de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) definiu que o processo penal contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no âmbito da Lava Jato, conduzido por Moro, violou quatro artigos do Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos: 9, 14, 17 e 25. No ano passado, o Supremo Tribunal Federal (STF) declarou o ex-juiz parcial ao condenar Lula no caso do tríplex em Guarujá (SP). A confirmação da condenação em segunda instância, em 2018, impediu o petista de participar das eleições daquele ano.

Calheiros acusou Bolsonaro também de influenciar, assim como o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), no andamento de inquéritos da Procuradoria-Geral da República (PGR), O PGR, Augusto Aras, foi indicado pelo presidente. "Eu não tenho nenhuma dúvida de que há uma influência, aliás, essa influência, em todos os momentos, foi assegurada tanto pelo presidente da República quanto pelo senador Flávio Bolsonaro, que não cansava em dizer, na própria CPI [da Pandemia], que tudo aquilo que nós estávamos investigando não passaria na PGR", disse o senador do MDB.

A respeito do resultado da Comissão Parlamentar de Inquérito da Pandemia, especificamente, disse que ele e os demais integrantes do chamado G7 do colegiado mantém expectativa de que conseguirão "punições exemplares". Em suas palavras, "a CPI fez uma investigação diuturna com a participação da sociedade". "Muitas coisas foram criadas no rumo da elucidação dos fatos, daquela roubalheira toda, do negacionismo, do papel do [ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello], da maneira como ele levou os militares da reserva para ocupar cargos civis no Ministério, sem nenhum preparo, do governo paralelo, da prescrição de remédios ineficazes, até de remédio de animais, daquela coisa da imunidade de rebanho", acrescentou.

Augusto Aras abriu uma investigação preliminar contra Bolsonaro sobre os crimes atribuídos a ele pela CPI, no ano passado. Calheiros classificou a apuração como "um simulacro". "A investigação preliminar especial foi a investigação da própria CPI. Nós estamos aguardando os desdobramento dos trabalhos da PGR e temos em andamento célere outras investigações nas instâncias inferiores [com base no relatório final do colegiado]".

Dilma Rousseff

Renan Calheiros justificou seu voto pelo impeachment da então presidente Dilma Rousseff (PT), em 2016: "Eu votei unicamente porque eu queria salvaguardar a condição eleitoral da presidente da República, o que acabei conseguindo. Então como tinha uma maioria quase definida pelo impeachment e eu era presidente do Senado, tinham 20 votos contra o impeachment, se eu fosse com os 20 votos, o segundo impeachment que iria acontecer era o meu. Como eu achava que aquilo era uma coisa absolutamente injusta e eu nada podia fazer para alterar, eu votei pelo impeachment na primeira votação para resguardar a condição eleitoral da Dilma na segunda votação e nós ganhamos". A votação sobre o afastamento definitivo da petista do cargo, no Senado, foi fatiada em uma sobre a perda do mandato e outra sobre a manutenção dos direitos políticos.

Orçamento secreto

Outro assunto abordado na entrevista foi o chamado orçamento secreto, as emendas de relator. Assim como Lula, quem apoia, Calheiros defende o fim desse tipo de emenda: "Eu acho que é necessário que se reverta. Em nenhum país do mundo há essa excrescência chamada orçamento secreto. O orçamento é público. No Brasil ele é secreto porque foi privatizado. Isso é uma coisa inacreditável".

Conforme o senador ainda, "na medida em que você continua a liberar o orçamento secreto para custeio, injeção na veia de cada município, com interesses inconfessáveis, absurdos, o que se fala com relação a desvio de recurso é uma coisa inacreditável". "E com relação a tratores, a máquinas, a caminhões de lixo, tem casos de superfaturamento de 300%. Quer dizer, isso já é com certeza o anúncio de que nós vamos ter um grande escândalo que será o maior escândalo de todos os tempos, que é o escândalo do orçamento secreto no Brasil".

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