Quem é Mayra Pinheiro, a "capitã cloroquina" que irá depor na CPI
Secretária do Ministério da Saúde é defensora de tratamento precoce contra covid-19
Conhecida como "Capitã Cloroquina", a pediatra cearense Mayra Pinheiro foi nomeada secretária de Gestão do Trabalho e Educação no Ministério da Saúde logo após a posse do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), em 8 de janeiro de 2019. Após todas as trocas de ministros, a servidora, que comandava uma área sem muita audiência, tomou a frente da difusão da cloroquina pela pasta, medicamento comprovadamente ineficaz contra a covid-19.
Investigada pelo Ministério Público Federal (MPF) no Amazonas, no inquérito que apura o uso do tratamento precoce contra o coronavírus, e a crise de oxigênio em Manaus, Mayra vai prestar depoimento na 3ª feira (25.mai), na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia. Senadores querem saber se a divulgação do remédio pelo Ministério foi uma iniciativa da própria secretária, ou se houve o pedido de alguém superior, como de Bolsonaro.
Em oitiva ao MPF, Mayra defendeu o uso do "kit covid" e confirmou que ela foi a responsável pela comitiva que enviou médicos ao Amazonas para difundir o uso da cloroquina como tratamento precoce contra o novo coronavírus. A médica também teria sido a idealizadora do TrateCov, plataforma desenvolvida pela Saúde para auxiliar médicos a prescreverem cloroquina, hidroxicloroquina e ivermectina a todos os tipos de pacientes diagnosticados com covid-19, informou o ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello.
Conservadora e de direita, Mayra foi uma das lideranças no movimento contra a vinda de cubanos pelo programa Mais Médicos em 2013, durante o governo da petista Dilma Rousseff. Em 2018, filiada ao PSDB, ela concorreu como "Dra. Mayra" a uma das duas vagas do Ceará ao Senado Federal. Ficou em quarto lugar, recebeu 11,37% dos votos válidos e não saiu vitoriosa. No ano passado, chegou a ser cotada para concorrer à Prefeitura de Fortaleza pelo Novo, mas não foi adiante.
Instalada para investigar a conduta do governo no combate ao coronavírus e os repasses de recursos federais a estados e municípios, a CPI já ouviu os ex-ministros da Saúde Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, que deixaram o ministério por discordarem de Bolsonaro sobre o uso da cloroquina. Além deles, Pazuello também confirmou que Mayra era a responsável por defender o tratamento precoce na pasta.