CPI da Covid: Mandetta responsabiliza Bolsonaro, mas evita ataques
Ex-ministro foi o primeiro a ser ouvido. Avaliação de senadores é de que depoimento foi técnico
SBT News
O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta foi a primeira testemunha a depor na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid. Ao longo das oito horas de oitiva, nesta 3ª feira (4.mai), Mandetta responsabilizou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) pela má gestão da pandemia, mas evitou ataques diretos ao chefe do Executivo.
À frente da pasta no início da crise sanitária, Mandetta afirmou ter dado orientações ao presidente, incluive defendendo medidas restritivas, mas teria sido ignorado. O ex-ministro indicou que Bolsonaro receberia um assessoramento paralelo, inclusive com participação de seus filhos.
Questionado sobre o chamado "kit covid" -- defendido por Bolsonaro e composto por medicamentos sem eficácia comprovada contra a covid-19 --, Mandetta afirmou que a Presidência cogitou mudar a bula da cloroquina para incluir a prescrição contra a covid e que a ordem para aumento da produção do remédio não partiu do Ministério da Saúde.
De acordo com Mandetta, o ministério apenas fez uma consulta ao Conselho Federal de Medicina (CFM) para ter referência sobre o uso compassivo. Ou seja, a utilização do remédio quando não há outro recurso terapêutico.
"Ela não é aquela coisa de 'se bem não faz, mal também não faz'. É um medicamento como todo medicamento, que há uma série de reações adversas", afirmou.
Sobre as vacinas, o ex-ministro disse que no período em que estava no cargo os estudos dos imunizantes ainda eram incipientes, e que não teve a oportunidade de negociar a compra desses produtos. "Na minha época não foi oferecido Eu rezava muito para que fosse. Eu teria ido atrás [das vacinas] como um prato de comida. Sabemos que a saída [para a pandemia] é a vacina."
A avaliação de senadores é de que, em seu depoimento, Mandetta destacou o trabalho técnico e pautado pela ciência que exerceu à frente do ministério, sem politizar o discurso.
Próximos dias
Nesta 4ª feira (5.mai), a CPI ouvirá o sucessor de Mandetta no Ministério da Saúde, o médico Nelson Teich. A oitiva dele estava prevista também para esta 3ª, mas acabou adiada após o general Eduardo Pazuello informar que não poderia comparecer ao colegiado.
Uma das testemunhas mais esperadas da comissão, Pazuello prestaria depoimento na 4ª, mas alegou ter tido contato com pessoas com suspeita de covid-19 no fim de semana. Com isso, o presidente do colegiado, Omar Aziz (PSD-BA), remarcou o encontro para 19 de maio.