CPI mira em hospitais privados que usaram "kit covid" em pacientes
Oposição quer convocar diretor de unidade de saúde que receitou "tratamento precoce" para a doença
Gabriela Vinhal
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia quer convocar diretores de hospitais privados para explicar a prescrição de "kit covid" a pacientes com coronavírus. A mistura de medicamentos não tem comprovação científica de eficácia no tratamento para a doença.
Apresentado pelo senador Humberto Costa (PT-PE), o requerimento pede a convocação do diretor-presidente do Hospital Daher Lago Sul, de Brasília, e o diretor-presidente do Hospital 9 de Julho, de São Paulo. O ofício, contudo, ainda não foi apreciado pelo colegiado.
O "kit covid", defendido pelo presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), é receitado como tratamento precoce, mesmo que a prevenção não seja cientificamente comprovada. O combo de remédios inclui a ivermectina, vermífugo usado para combater piolhos e lombrigas; a cloroquina, utilizada no tratamento de malária e lúpus; e a azitromicina, antibiótico.
"A aquisição, distribuição e indução ao uso dos medicamentos -- notadamente a cloroquina e a hidroxicloroquina -- que compõem com outros medicamentos o chamado 'kit covid' e a terapêutica do 'tratamento precoce' eleita pelo governo federal como política pública para enfrentamento da covid-19, por diretriz do presidente Jair Bolsonaro, revela inadequado investimento de recursos públicos em medida sanitária desprovida de respaldo científico", justificou o senador.
