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ENGANOSO: Post engana ao tratar quantidade de brasileiros no exterior como fluxo migratório recente

Confira a verificação realizada pelos jornalistas integrantes do Projeto Comprova

ENGANOSO: Post engana ao tratar quantidade de brasileiros no exterior como fluxo migratório recente
Post engana ao tratar quantidade de brasileiros no exterior como fluxo migratório recente | Projeto Comprova
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ENGANOSO: Post engana ao tratar a quantidade de brasileiros vivendo no exterior como um movimento recente de emigração, sugerindo que isso esteja ocorrendo por conta do governo federal. Os dados mais recentes do Ministério das Relações Exteriores são de 2022 e estimam que, naquele ano, 4,5 milhões de brasileiros viviam fora do país, mas o movimento não é recente. O período de maior saída de brasileiros foi entre 2012 e 2013. Especialista diz que o fluxo migratório depende de questões geopolíticas, dos mercados regionais e da política dos destinos escolhidos pelos emigrantes, não apenas de questões internas do Brasil.


Conteúdo investigado: Publicação no X com um mapa e uma tabela com aqueles que seriam os países com o maior número de brasileiros residentes. A legenda diz que “O movimento de saída de pessoas do Brasil está tão grande que já está sendo considerado uma diáspora”, dando a entender que esses brasileiros deixaram o país no momento atual.

Onde foi publicado: X.

Saiba mais:
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Conclusão do Comprova: Post engana ao apontar que a Índia processou e pediu pena de morte para ex-cientista-chefe da Organização Mundial de Saúde (OMS), Soumya Swaminathan, por desincentivar o uso de ivermectina no tratamento da covid-19. O medicamento, que atua contra parasitas e vermes, não tem eficácia comprovada contra o Sars-CoV-2.

O texto do portal The People’s Voice, site conservador que espalhou a desinformação, afirma que o suposto processo foi movido pela Ordem dos Advogados do país. No entanto, a organização citada, Indian Bar Association (IBA), ou Ordem dos Advogados da Índia em português, não tem ligação com o governo do país.

Embora tenha esse nome, a IBA é uma associação voluntária de advogados e não funciona como uma “OAB indiana”, como indicam posts. Na Índia, a associação que tem papel similar ao da Ordem dos Advogados do Brasil é o Bar Council of India.

A IBA enviou um aviso legal para a cientista em 26 de maio de 2021, em que acusa Swaminathan, que trabalhou como cientista-chefe da OMS durante a pandemia, de propagar desinformação contra ivermectina, e outro em 14 de setembro de 2022, por “divulgar a narrativa de que as vacinas contra a covid-19 são completamente seguras”. Essas notificações, ao contrário do que diz postagem, não equivalem a um processo na Justiça. O conteúdo também foi investigado pelo Estadão Verifica. Ao jornal, a OMS afirmou que não recebeu qualquer processo formal contra a cientista.

Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até 28 de junho, um post no X com a desinformação tinha sido visualizado mais de 95 mil vezes e recebido 9 mil curtidas. No TikTok, post semelhante foi retirado do ar.

Fontes que consultamos: Buscamos pela publicação completa no site que aparece na captura de tela. A partir do texto, procuramos no site da India Bar Association informações sobre processos e outros documentos emitidos pela organização. Também entramos em contato com a OMS e a IBA, mas não houve resposta até a publicação deste texto.

Organização já fez outras notificações contra a cientista

Durante a pandemia, a IBA se mostrou atuante contra a vacinação e a favor de tratamentos sem eficácia comprovada contra a covid, como a hidroxicloroquina e a ivermectina.

A primeira notificação legal contra Soumya Swaminathan foi em 25 de maio de 2021. No comunicado, a associação acusa a autoridade em saúde de “realização de uma campanha de desinformação contra Ivermectina por supressão deliberada da eficácia do medicamento ivermectina como profilaxia e para tratamento de covid-19, apesar da existência de grandes quantidades de dados clínicos compilados e apresentado por médicos conceituados, altamente qualificados e experientes médicos e cientistas”.

O texto se refere a uma postagem no X onde a médica reforça o posicionamento da OMS e compartilha declaração da farmacêutica Merck, responsável pela produção do Stromectol (ivermectina), que alerta para a falta de comprovação científica e dados sobre a segurança do medicamento no tratamento contra a covid. A postagem em questão não está mais disponível.

Na notificação, a IBA cita a Front Line Covid-19 Critical Care Alliance (FLCCC), organização que defende o uso de medicamentos ineficazes, e integrantes da aliança, como os médicos Pierre Kory e Paul E. Marik, que já foram citados em outras checagens do Comprova. O grupo brasileiro Médicos pela Vida também é citado.

Em 13 de junho, menos de um mês depois, os advogados voltaram a emitir notificação legal contra Swaminathan, o diretor-geral da OMS, Dr. Tedros Adhanom Ghebreyesus, e o membro da Direção Geral dos Serviços de Saúde (DGHS) do governo da Índia, Sunil Kumar, em que volta a acusar as autoridades de disseminar desinformação contra a ivermectina.

Pouco depois, em 13 de julho, a India Bar Association apresentou uma queixa formal contra autoridades de saúde e outros divulgadores científicos, entre eles a associação de Bill Gates, por “conspiração e ofensas graves cometidas contra a humanidade na pandemia de covid-19”.

O documento pede que os acusados sejam incriminados por “crime contra a humanidade” e que a prisão seja garantida pela Interpol. Os advogados afirmam que Swaminathan, Tedros Adhanom, Bill Gates, Anthony Fauci, Mark Zuckerberg e outros “são culpados de assassinatos em massa e estarão sujeitos à pena de morte” sem direito a fiança.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições no âmbito federal e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: O mesmo conteúdo foi verificado por Estadão Verifica e Boatos.org. O uso da ivermectina contra a covid já foi investigado diversas vezes, como quando o Comprova mostrou que um estudo realizado em Itajaí (SC) não provava a eficácia do medicamento e que um post desinformava ao afirmar que pesquisa havia descoberto relação entre a droga e a covid longa.

Investigação e verificação

Estadão participou desta investigação e a sua verificação, pelo processo de crosscheck, foi realizada pelos veículos A Gazeta, Folha, O Popular, SBT e SBT News.

Projeto Comprova

Esta reportagem foi elaborada por jornalistas do Projeto Comprova, grupo formado por 41 veículos de imprensa brasileiros, para combater a desinformação. Iniciado em 2018, o Comprova monitorou e desmentiu boatos e rumores relacionados à eleição presidencial. Na quinta fase, o Comprova verifica conteúdos suspeitos sobre políticas públicas do governo federal e eleições, além de continuar investigando boatos sobre a pandemia de covid-19. O SBT SBT News fazem parte dessa aliança.

Desconfiou da informação recebida? Envie sua denúncia, dúvida ou boato pelo WhatsApp 11 97045 4984.

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