Professora esfaqueada por aluno diz sentir dó: "ele é vítima do sistema"
Ana Célia foi uma das quatro professoras atacadas pelo adolescente de 13 anos
José Luiz Filho
A polícia ouviu nesta 5ª feira (30.mar) o depoimento de uma das professoras esfaqueadas por um aluno durante um ataque a uma escola em São Paulo. Ela afirma que sente pena do adolescente e acredita que ele seja uma vítima do sistema.
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No depoimento de cerca de 30 minutos, a professora Ana Célia Rosa relatou o que se lembra do dia do ataque. Contou que não conhecia o adolescente, porque não era um dos alunos dela, e quando entrou na sala onde foi atacada, chegou a pedir ajuda a ele para socorrer a outra professora que havia acabado de ser esfaqueada.
"Entrei na sala porque um dos alunos saiu gritando que era pra ajudar a professora Elizabete. Eu não sabia o que tinha acontecido. Até então, pra mim, ela tinha passado mal na sala de aula. Ele veio na minha frente, eu pedi ajuda a ele, foi quando ele me deu a primeira facada. Então foi aleatório mesmo. Quem ele pegasse, machucaria. Infelizmente fui eu", disse a professora.
Ana Célia foi uma das quatro professoras atacadas pelo adolescente de 13 anos, na última 2ª feira (27.mar) na Escola Estadual Thomazia Montoro, na zona oeste de São Paulo. Ele ainda feriu outro aluno e matou a professora Elisabete Tenreiro, de 71 anos.
A professora Ana Célia foi a única testemunha a prestar depoimento nesta 5ª. O delegado que comanda as investigações entregou ao departamento responsável pelas delegacias da capital, o computador usado pelo estudante. O Decap tem um equipamento capaz de recuperar imagens e informações armazenadas na memória do aparelho, mesmo que tenham sido deletadas.
Outro avanço foi a autorização da Justiça para a quebra do sigilo telefônico do adolescente, o que dará à polícia acesso a mensagens de texto, áudio e vídeo enviadas e recebidas por ele.
As polícias Civil e Militar conversaram com representantes de oito escolas que ficam na mesma região da Thomazia Montoro e ouviram reivindicações e sugestões para melhorar a segurança da comunidade escolar.
Cuidados que a professora Ana Célia espera encontrar no próximo mês, quando pretende voltar a dar aulas. Sobre o autor do ataque, ela disse o que sente: "acho que é dó. Ele é só uma criança, ele é vítima do sistema. Eu quero que ele encontre na vida dele um anjo de guarda que nem eu tenho na minha".
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