Embratur aciona PF para investigar festa de nova modalidade de turismo sexual
Presidente da agência vai se reunir com diretor-geral da PF na 2ª feira (20.mar)
A Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur) acionou a Polícia Federal (PF) com o objetivo de pedir a investigação do caso no qual dois estrangeiros promoveram uma festa, em São Paulo, e convidaram mulheres que não foram avisadas que serviriam de cobaias para um treinamento de conquista amorosa. O anúncio foi feito em nota divulgada pela agência nesta 5ª feira (16.mar).
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Segundo a Embratur, seu presidente, Marcelo Freixo, vai se reunir com o diretor-geral da Polícia Federal (PF), Andrei Rodrigues, na 2ª feira (20.mar), para entregar ofício por meio do qual formaliza a solicitação.
Na nota ainda, a agência afirma não serem bem-vindas no Brasil "pessoas que desejam praticar crimes". "O turismo para fins de exploração sexual fere nossas leis e quem o pratica será submetido à devida investigação, julgamento e punição".
Entenda o caso
Dois estrangeiros que se apresentam como "instrutores de paquera" estão incentivando uma nova modalidade de turismo sexual em vários países. Eles se apresentam como Mike Pickup Alpha e David Bond, mas os nomes reais são Ziqiang Ke e Steven Mapel. A dupla promete fazer com que homens se especializem na conquista de mulheres, inspirados em técnicas que transformam as vítimas em objetos sexuais sem que elas saibam.
O valor do treinamento não é nada barato: varia de R$ 60 mil a R$ 260 mil e tem como foco homens de alto poder aquisitivo em países como Colômbia, Costa Rica, Filipinas, Tailândia e Brasil. No território brasileiro, o chamado "curso de conquista" aconteceu no mês passado e incluiu uma festa em uma mansão no bairro do Morumbi, zona sul de São Paulo. Só que as mulheres que foram convidadas não sabiam que eram cobaias das técnicas de paquera. O "evento" foi no dia 26 de fevereiro. Foram oferecidos transporte gratuito para mulheres, bebida e comida à vontade.
Mas não foi só isso: os inscritos do curso receberam um kit com camisinhas, pílulas do dia seguinte e até mesmo perfumes que supostamente exalam substâncias para chamar a atenção das mulheres. Mas algumas das convidadas registraram boletim de ocorrência por terem sido filmadas sem autorização.
Veja a nota da Embratur na íntegra:
A Embratur se solidariza com as mulheres vítimas de exploração sexual em São Paulo, no caso ocorrido no final de fevereiro envolvendo um grupo de turistas estrangeiros. Esta agência já acionou a Polícia Federal com a finalidade de solicitar a investigação do caso e, na próxima segunda-feira (20), o presidente Marcelo Freixo se reunirá com o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, para entregar ofício pelo qual formaliza este pedido.
Não são bem-vindas em nosso país pessoas que desejam praticar crimes. O turismo para fins de exploração sexual fere nossas leis e quem o pratica será submetido à devida investigação, julgamento e punição.
Há décadas, o Brasil executa políticas intersetoriais para combater o turismo para fins de exploração sexual, com ações internas de assistência social, prevenção com educação e investigação criminal; e externas, na reconstrução da imagem do país no exterior e promoção de um turismo responsável. Infelizmente, essa trajetória foi interrompida pelo governo passado, cujo então presidente deu infelizes declarações que estimularam a prática desses crimes.
Turismo gera emprego, desenvolvimento e é essencial para a imagem do país no exterior. Em nossa gestão, recuperamos como valores centrais da Embratur o respeito aos direitos humanos e à democracia. Promovemos no exterior um Brasil que queremos ser, da sustentabilidade, que combate a pobreza e o racismo e valoriza a diversidade de seu povo. São muito bem-vindos os turistas estrangeiros que querem contribuir para a construção desse Brasil.