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FALSO: Exército não interferiu na apuração dos votos para presidente no dia da eleição

Confira a verificação realizada pelos jornalistas integrantes do Projeto Comprova

FALSO: Exército não interferiu na apuração dos votos para presidente no dia da eleição
Divulgação/Projeto Comprova
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Falso: É falso que integrantes do Exército, alertados por hackers russos, teriam entrado na sala de totalização dos votos no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) durante a apuração do resultado do primeiro turno das eleições, no domingo (2), e impedido uma suposta fraude para eleger o candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva. O conteúdo foi fabricado sem nenhuma evidência comprovada e já desmentido pelo tribunal, pelo Ministério da Defesa e pela Embaixada da Rússia no Brasil.

Conteúdo investigadoVídeo de três minutos alegando que integrantes do Exército brasileiro, alertados por hackers russos, teriam entrado na sala de totalização dos votos no TSE, durante a apuração do primeiro turno das eleições, no domingo (2), e impedido uma suposta fraude. O esquema envolveria descontar gradativamente um ponto percentual dos votos conferidos ao presidente Jair Bolsonaro (PL) e acrescentar meio ponto para o ex-presidente Lula (PT), a partir do momento em que 12% das urnas já tivessem sido apuradas.

Onde foi publicado: TikTok e Instagram.

Conclusão do Comprova: É falso que integrantes do Exército, alertados por hackers russos, teriam entrado na sala de totalização dos votos no TSE, durante a apuração do primeiro turno das eleições e impedido uma suposta fraude. O conteúdo foi fabricado, ou seja, não se baseia em nenhuma evidência.

Saiba mais:
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A assessoria de imprensa do tribunal desmentiu a peça de desinformação ao garantir que o Exército não esteve na sede do tribunal no dia do primeiro turno. O Ministério da Defesa, órgão ao qual estão vinculadas as Forças Armadas, e a Embaixada da Rússia no Brasil também negaram a história aqui verificada. A plataforma TikTok retirou o vídeo do ar por conter "desinformação danosa".

A chamada "sala secreta", onde ocorre a totalização dos votos, na verdade, não é a mesma onde servidores do TSE monitoram a contagem, tendo, inclusive, a participação de entidades fiscalizadoras. O processo de totalização ocorre automaticamente, sem interferência de nenhum dos presentes, por um supercomputador.

Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

Alcance da publicação: Até o final desta terça-feira (4), a publicação no TikTok contava com 227,1 mil curtidas, 10,3 mil comentários e 144 mil compartilhamentos. O vídeo passou a ficar indisponível entre a noite de terça e o início da tarde desta quarta-feira (5).

O que diz o autor da publicação: Conseguimos contactar o autor da publicação, Sérgio Tavares, pelo Whatsapp. Ele confirmou a autoria da publicação e disse que sua fonte é "fidedigna", e nos informou que lhe pediria permissão para revelá-la; depois, optou por "não prestar mais detalhes".

Como verificamos: Buscamos no Google por artigos que contivessem, ao mesmo tempo, as expressões-chave "fraude", "primeiro turno", "hackers russos" e "forças armadas", ou "exército" ou "militares". Também fizemos uma pesquisa à parte por "sala secreta" e "TSE" para apurar especificamente sobre o local onde os votos são totalizados, na sede do tribunal. Obtivemos, como resposta, um artigo da agência de checagem de fatos Boatos.org desmentindo a peça de desinformação, assim como matérias de veículos de imprensa, como CNN Brasil e UOL, usados nesta verificação.

Ainda consultamos, na internet, sobre a apuração realizada no dia da eleição para averiguar a dinâmica da contagem de votos. A pesquisa retornou reportagens do G1 e do Valor que, entre outras informações, indicavam o motivo para a mudança de posição dos candidatos durante a apuração, conforme o avanço da contagem em diferentes regiões do país.

Entramos em contato com o TSE, o Ministério da Defesa, o Exército e a Embaixada da Rússia no Brasil, as partes citadas pelo conteúdo, e com o TikTok, rede social onde o conteúdo verificado foi publicado.

TSE, Ministério da Defesa e Embaixada da Rússia no Brasil desmentem história

Os órgãos citados no vídeo negam a história alegada. Em nota enviada ao Comprova, a assessoria de imprensa do TSE desmentiu a peça de desinformação e assegurou que o Exército não esteve na sede do tribunal em 2 de outubro, dia do primeiro turno.

O Exército informou que o pedido deveria ser direcionado ao Ministério da Defesa. Em contato com o Comprova, por telefone, a assessoria do Ministério da Defesa afirmou que o conteúdo é falso. A Embaixada da Rússia no Brasil disse, apenas, que "não comenta informações fictícias e falsificações (fakes)".

Apuração dos votos

A apuração dos votos no domingo, 2 de outubro, foi transmitida em tempo real por diversos veículos, na televisão e internet, e os primeiros dados divulgados apontavam para uma vantagem de Lula, logo superada por Bolsonaro. O presidente ficou à frente da apuração por mais de duas horas, enquanto a contagem dos votos avançava nas regiões Sul e Centro-Oeste, onde Bolsonaro tem a preferência do eleitorado.

À medida que a contagem avançava em outros pontos do país, a diferença de Lula para Bolsonaro foi diminuindo até que, por volta de 20 horas, com 70% das urnas apuradas, o ex-presidente virou e não deixou mais a liderança até a conclusão da apuração. O mapa de votação demonstra, portanto, que as variações nos índices dos candidatos têm relação com as regiões em que se concentraram a apuração dos votos, e não com a suposta fraude falsamente alegada no vídeo aqui investigado.

Sala secreta é conhecida e não é o mesmo local onde fica a equipe de totalização

O conteúdo também alega que existe uma "sala secreta", onde ocorreria a totalização dos votos, dentro da sede do TSE, em Brasília. A expressão, que sugere falta de transparência no processo eleitoral, é comumente usada entre aqueles que atacam a credibilidade da Justiça Eleitoral, dentre eles o próprio presidente da República, Jair Bolsonaro (PL). Entretanto, é incorreto afirmar que a existência ou a localidade dessa sala não seja oficialmente revelada.

O que existe são duas "salas-cofres" no TSE. Em uma, há um supercomputador que totaliza os votos das eleições automaticamente ? ou seja, sem interferência de nenhuma pessoa presente ? e a partir dos dados coletados nas próprias urnas eletrônicas e impressos nos boletins de urna. Na outra, fica o código-fonte das urnas, que é a linguagem de programação do software delas, após ser lacrado.

Ambas as salas têm acesso restrito, sendo monitoradas 24 horas e protegidas por cinco portas codificadas, como reportou a CNN Brasil. A existência e a localidade delas são de conhecimento público: elas ficam nas dependências da Secretaria de Tecnologia da Informação do TSE, na sede do tribunal, em Brasília.

A equipe de servidores do TSE que acompanha a totalização dos votos, composta por técnicos da própria Justiça Eleitoral, não fica em nenhuma dessas salas. Eles trabalham em um espaço que é aberto, até mesmo no dia da eleição, a agentes fiscalizadores, como o Ministério Público e representantes dos partidos políticos.

Em visita no dia 28 de setembro guiada pelo presidente do tribunal, ministro Alexandre de Moraes, e acompanhada pela imprensa, o próprio Valdemar Costa Neto, que preside o PL, sigla de Bolsonaro, disse que a sala "é aberta".

Vídeo ficou indisponível no TikTok

O TikTok tornou o vídeo indisponível entre terça e quarta-feira (5). O Comprova não conseguiu determinar o momento exato da suspensão. Procurada, a assessoria de imprensa do TikTok no Brasil informou que a plataforma de vídeos "trabalha com uma combinação de tecnologia e de pessoas para identificar e remover conteúdos que violam nossas Diretrizes da Comunidade". Sobre o conteúdo verificado, o TikTok disse que o vídeo "foi removido por desinformação danosa".

Por que investigamos: O Comprova investiga conteúdos suspeitos que viralizaram nas redes sociais sobre a pandemia de covid-19, políticas públicas do governo federal e eleições presidenciais. O vídeo aqui investigado cita os dois presidenciáveis que estão na disputa do segundo turno, tentando induzir as pessoas a acreditar em uma suposta fraude para favorecer um candidato em detrimento de outro. A desinformação, como a deste vídeo, tenta tirar a credibilidade do processo eleitoral, o que é uma afronta à democracia porque retira o direito das pessoas de fazerem as suas escolhas baseadas em conteúdos verdadeiros.

Outras checagens sobre o tema: O Fato ou Fake, do G1, e a agência de checagem Boatos.org também desmentiram o conteúdo aqui verificado. O período de campanha para o segundo turno das eleições já começou com desinformação. O Comprova mostrou, por exemplo, que é mentira que Barreiras, na Bahia, registrou número de votos em Lula superior à população da cidade e que é falso que boletim de urna encontrado em Curitiba não tenha sido computado no resultado da eleição.

No fim de semana da votação, também circularam muitas peças de desinformação. O Comprova revelou ser falso que Ciro Gomes declarou apoio a Bolsonaro, que site noticiou aumento do patrocínio de Neymar após o jogador manifestar apoio ao presidente e, ainda, que eleitores de Lula teriam dia diferente para votação.

Investigação e verificação

GZH, CNN, A Gazeta e Crusoé participaram desta investigação e a sua verificação, pelo processo de crosscheck, foi realizada pelos veículos Correio do Estado, Piauí, Rádio Band News, Plural, Folha, SBT e SBT News.

Projeto Comprova

Esta reportagem foi elaborada por jornalistas do Projeto Comprova, grupo formado por 42 veículos de imprensa brasileiros, para combater a desinformação. Iniciado em 2018, o Comprova monitorou e desmentiu boatos e rumores relacionados à eleição presidencial. Agora, na quinta fase, o Comprova segue verificando conteúdos suspeitos sobre políticas públicas do governo federal e eleições, além de continuar investigando boatos sobre a pandemia de covid-19. O SBT e SBT News fazem parte dessa aliança.

Desconfiou da informação recebida? Envie sua denúncia, dúvida ou boato pelo WhatsApp 11 97045 4984.

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