Belga encontrado morto contou ao irmão que era agredido por cônsul alemão
Testemunhas relatam relação conturbada do casal, com humilhações constantes e agresões
Fred Justo
Encontrado morto no apartamento em que morava, o belga Walter Maximilien chegou a contar ao irmão que sofria agressões do marido, o cônsul alemão no Rio de Janeiro, Uwe Herbert Hahn.
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Testemunhas disseram à polícia que a relação do casal era conturbada e que a vítima era humilhada constantemente. A síndica do prédio onde o casal morava, em Ipanema, foi ouvida à tarde.
Segundo a polícia, Walter Henri Maximilien foi espancado até a morte dentro do apartamento pelo marido.
A diarista do casal declarou já ter notado manchas de sangue no travesseiro do belga e disse que chegou a ver um corte na testa dele.
Um amigo da vítima afirmou que Uwe sempre diminuía Walter porque ele não trabalhava, e que o cônsul era viciado em drogas. Também contou que as brigas eram diárias e que os dois atiravam objetos um contra o outro. Relatou, ainda, que era comum o cônsul dizer que, por ser diplomata, nada aconteceria com ele.
Em troca de mensagens com o irmão, a vítima escreveu em francês: "é um inferno aqui com o Uwe". O irmão disse: "não se preocupe. Coragem a você!", e ele respondeu: "vou à polícia". Ao final, enviou uma foto do queixo machucado.
Preso preventivamente no Rio de Janeiro, o cônsul passou mal na manhã desta terça e foi levado para um hospital penitenciário, mas já voltou à prisão.
O corpo de Walter Maximilien continua no Instituto Médico Legal (IML). A polícia aguarda o resultado de exames para saber se o belga foi dopado antes de morrer. O inquérito deve ser concluído nos próximos dias e será encaminhado ao Ministério Público.
"Esses depoimentos foram reveladores e só corroboraram a tese que a Polícia Civil já havia levantado: de que havia um contexto de violência doméstica, de opressão", afirma a delegada Camila Lourenço.
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