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Mortes de tio e sobrinho flagrados furtando carne na BA completam um ano

Jovens negros foram entregues a criminosos, que assassinaram as vítimas de forma violenta

Mortes de tio e sobrinho flagrados furtando carne na BA completam um ano
Jovens negros assassinados (Divulgação)
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Completou nesta 3ª feira (26.abr) um ano da morte dos jovens negros Bruno e Ian, tio e sobrinho que foram torturados e baleados após serem flagrados furtando pacotes de carne em um supermercado da rede Atakadão Atakarejo, em Salvador. Na ocasião, os seguranças exigiram que as vítimas pagassem R$ 700,00, que seria o valor total das mercadorias, enquanto humilhavam os jovens.

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"Vê se 'desembola' um dinheiro aí, uns R$ 700 para eu pagar essa carne aqui", escreveu Bruno para um parente. A família, de origem humilde, deu início a uma corrida para salvar a vida dos jovens, mas não houve tempo. O tio, de 29 anos, e o sobrinho, de 19, foram entregues a criminosos da região, que assassinaram as vítimas de forma violenta. O enterro de ambas foi realizado há exatamente um ano, em 27 de abril de 2021.

Em maio do ano passado, o Centro Santo Dias de Direitos Humanos, a Associação Educafro e o Odara Instituto da Mulher Negra protocolaram -- no Tribunal de Justiça da Bahia (TJBA) -- uma ação civil pública contra a rede Atakadão Atakarejo, devido ao ocorrido. Porém, um ano depois, o processo encontra-se parado, de acordo com o Frei David, diretor-executivo da primeira entidade. Ele acusa a rede de estar "fugindo da negociação". Ainda de acordo com o Frei, o Atakarejo "não quis reconhecer os danos coletivos e quis empurrar migalhas".

O diretor da Educafro questiona: "Por que o Atakarejo, que é ligado a milícias, se sente tão poderoso que não quer negociar?". Em sua visão, "a maldade do supermercado é 50 vezes maior que a do caso do Carrefour". O Frei se refere à morte de João Alberto Silveira Freitas, de 40 anos, espancado até a morte dentro de uma loja do Carrefour em Porto Alegre, em novembro de 2020. 

Segundo o Odara Instituto da Mulher Negra, várias audiências foram realizadas, no ano passado, no âmbito da ação civil pública. "Conduzidas pela juíza da 35ª Vara de Trabalho de Salvador, as audiências contaram com a participação das organizações acionantes, dos representantes do réu, bem como da Defensoria Pública do Estado da Bahia - DPE/BA, Defensoria Pública da União - DPU, Ministério Público da Bahia - MP/BA e Ministério Público Federal - MPF. Aconteceram alguns debates em torno do ocorrido e, diante disso, houve a tentativa de realizar um acordo jurídico junto com a defesa da Rede de Supermercados Atakadão Atakarejo, que não foi viabilizada pela resistência da empresa em entender que não se trata de valores e sim de reparação coletiva frente à violência racial perpetrada por eles", completa o comunicado. A entidade afirma que continuará lutando por reparação

"Meu filho não era terrorista, meu filho não era assassino, para eles fazerem a barbaridade que fizeram. Eu quero justiça contra o Atakarejo! Enquanto Deus me der forças, vou gritar por justiça", afirmou Dionésia Pereira Barros, mãe de Bruno. Ao SBT News, Elaine, mãe de Ian, por sua vez, disse que nos últimos meses a rede de supermercados "não prestou acompanhamento, não prestou nada, não. Completou um ano [da morte] ontem, e a gente não recebeu nada do Atakarejo". A reportagem entrou em contato com a rede para pedir um posicionamento sobre as negociações e mantém o espaço aberto para manifestação.

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