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Flexibilização de restrições não significa fim da pandemia, diz especialista

Desigualdade na cobertura vacinal e surgimento de variantes podem continuar acentuando contaminações

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Com queda no número de casos, muitos países seguem sem o uso obrigatório de máscaras ou limitação de público em eventos | Agência Brasil
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Diante do avanço da vacinação contra a covid-19 no mundo, muitos governos depararam-se com a queda significativa de contaminações e internações pela doença. Como resultado, as gestões iniciaram a flexibilização das medidas restritivas e, agora, muitos países seguem sem o uso obrigatório de máscaras, limitação de público em eventos e regras de distanciamento social. As medidas, no entanto, estão começando a sugerir a ideia de que a pandemia chegou ao fim, o que vai contra a fala de especialistas e entidades referências, como a Organização Mundial da Saúde (OMS).

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Apesar da longa jornada de campanha de imunização, ainda há ao menos 3 bilhões de pessoas que não iniciaram o ciclo vacinal devido à falta de acesso ao imunizante. Esse número, segundo a OMS, é relativamente maior em países do continente africano e americano, onde várias localidades registram taxa de vacinação abaixo de 40% apenas em relação à primeira dose. Em 22 dos 54 países da África, por exemplo, o total de cidadãos completamente vacinados é menor que 10%, enquanto em outras 16 regiões o percentual não chega a 5%.

Tal cenário deixa o mundo vulnerável, uma vez que a disseminação do vírus pode ser mais intensa em países menos desenvolvidos e sem estrutura médica, o que pode resultar em mais óbitos pela doença e frear a economia local. Além disso, com a menor cobertura vacinal, as chances de mutação do vírus aumentam e o surgimento de novas variantes fica mais provável, dificultando, muitas vezes, a eficácia das vacinas já desenvolvidas contra a linhagem original da covid-19. Com a volta do turismo, as chances das cepas serem transferidas de um continente para o outro também aumentam.

Na última semana, por exemplo, o diretor da OMS para a Europa, Hans Kluge, criticou os governos europeus pela rápida suspensão das medidas restritivas. Segundo ele, países como Reino Unido, Irlanda, Grécia, Chipre, França, Itália e Alemanha já começaram a registrar um aumento significativo no número de casos da doença, influenciados principalmente pela variante ômicron e pela subvariante BA.2. O número de mortes, por outro lado, permanece estável.

"Com o surgimento de novas variantes, é possível que a gente tenha um aumento no números de casos da doença por conta das flexibilizações. Contudo, não acreditamos que essas infecções resultem em hospitalizações ou óbitos como resultaram anteriormente", diz Daniel Duailibi, clínico geral e infectologista. "Isso acontece quando a maioria da população já entrou em contato com o vírus, seja ele vacinal ou selvagem, o que leva à famosa 'imunidade de rebanho' -- composta pela cobertura vacinal de ao menos 70% dos habitantes locais", explica.

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Além do nível de imunização, Duailibi afirma que o relaxamento das restrições deve ser aplicado com base no cenário epidemiológico de cada município, bem como na estrutura médica local, para o caso de um possível aumento das infecções. "É importante ressaltar que as liberações não significam o fim da pandemia e que as variantes devem continuar sendo monitoradas. No caso de pessoas com maiores riscos, como idosos, imunossuprimidos, pacientes em quimioterapia ou pessoas com vigência cardíaca, o aconselhado é que continuem utilizando máscaras independente do status vacinal, porque a covid-19 pode se manifestar de forma mais grave." 

No caso do Brasil, 91,38% da população acima de 12 anos já está vacinada com a primeira dose, e 85,35% com a segunda. Na etapa da dose de reforço, o levantamento do Ministério da Saúde mostra que 41% dos brasileiros acima de 18 anos -- público-alvo da estratégia -- receberam a aplicação, enquanto 8,9 milhões de crianças entre 5 e 11 anos iniciaram o ciclo vacinal nos últimos meses. A previsão, agora, é para uma quarta dose do imunizante, que já está sendo aplicada no público mais vulnerável do país, como idosos acima de 80 anos.

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