Menino de 9 anos é assassinado em área de conflito agrário em Pernambuco
O alvo do ataque era o pai da criança, líder comunitário da região
SBT Brasil
Entidades de defesa de direitos humanos cobraram rigor na investigação sobre o assassinato de um menino de nove anos em uma área de conflito agrário, em Pernambuco. O alvo do ataque era o pai da criança, líder comunitário e presidente da Associação de Agricultores familiares da região.
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Jonatas Olibeira dos Santos, 9 anos, foi morto a tiros na casa onde morava com a família, no Engenho Roncadorzinho, na zona rural da cidade. O menino estava no sofó com os parentes quando sete homens fortemente armados e encapuzados arrombaram as portas da sala e da cozinha e invadiram a casa. Segundo a família, os criminosos chegaram atirando. O menino se escondeu embaixo da cama dos pais mas foi arrastado e executado com um tiro no peito.
O alvo inicial era o pai da criança. Ele foi baleado no braço mas sobreviveu ao ataque. "Eu corri pra casa do meu cunhado pedindo: 'socorro, socorro'. Só vi os tiros dentro de casa.", conta uma testemunha.
"Eles falaram pras meninas se aquietar, ficar calma, porque eles não queriam nada com as meninas, só queria com o Geovane, que é o pai da criança, do Jonatas", diz a tia da criança, Simone Maria.
Segundo a comissão pastoral da terra, esta não foi a primeira vez que a casa do líder comunitário foi atacada. Em uma nota, a entidade cobrou que seja apurado se há relação entre a morte de Jonatas e o conflito agrário instaurado no local. A comissão de direitos humanos da Câmara dos Deputados também pediu rigor nas investigações.
Equipes do programa estadual de proteção aos defensores de direitos humanos visitaram a comunidade neste sábado (12.fev). O Engenho Roncadorzinho, que fica a 100 quilômetros di Recife, existe há 40 anos e está em meio a uma disputa judicial pela posse das terras. Atualmente, cerca de 400 trabalhadores rurais vivem na comunidade, incluindo 50 crianças.
"Hoje nós estamos chocados de medo e nós queremos justiça. Justiça pra gente ter paz, que hoje a gente não tem paz mais", relata Manuel Gomes, aposentado.