Brasil reage à interferência dos EUA e Reino Unido sobre a visita à Rússia
Presidente brasileiro tem viagem marcada para o próximo dia 14 de fevereiro
Sérgio Utsch
O governo brasileiro reagiu à interferência dos Estados Unidos e do Reino Unido sobre a viagem do presidente Jair Bolsonaro a Moscou, planejada para o próximo dia 14 de fevereiro. A visita do brasileiro gerou críticas por ocorrer durante a maior crise entre os russos e os países da Otan (Organização do Tratatado do Atlântico Norte) desde o fim da Guerra Fria. O gesto do Brasil é visto pelos críticos como um apoio a Vladimir Putin, em detrimento dos Estados Unidos, da Ucrânia e da União Europeia.
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Fonte do governo brasileiro disse ao SBT News que "o Brasil tem presente as sensibilidades de vários países com relação à atual crise entre Rússia e Ucrânia. O Brasil sempre se orientará pelos preceitos constitucionais que regem suas relações exteriores e pelas tradições de sua atuação diplomática, que privilegiam o diálogo e a solução pacifica das controvérsias. A visita presidencial a Moscou se deve a convite formulado por país com o qual temos relação bilateral relevante. Não deve ser interpretada como tomada de posição sobre qualquer tema".
Em Moscou, o Kremlin já tinha tido reação semelhante. Yuri Ushako, assistente da presidência russa, afirmou que países como o Brasil "deveriam decidir por eles mesmos como fazer suas políticas externas, com quem eles devem fazer contato e a quem deveriam visitar". Foi uma resposta também sobre a pressão sofrida pela chancelaria argentina. O governo russo confirmou que está ciente de que os dois líderes receberam pedidos para absterem-se dos contatos com o Kremlin. Nesta quinta-feira (03.fev), o presidente argentino Alberto Fernandez está em Moscou em agenda oficial com o presidente Vladimir Putin.
Conforme o SBT News noticiou ontem, um porta-voz do governo britânico confirmou durante conversa com correspondentes estrangeiros que o Reino Unido está monitorando e "conversando com o governo brasileiro" sobre a viagem. "Nós encorajamos todos os esforços nesse sentido (diplomático) pra convencê-lo (Vladimir Putin) a recuar", disse o porta-voz. Mais incisiva, a diplomacia dos Estados Unidos, segundo a agência Reuters, tenta forçar o cancelamento da viagem.
Em dezembro, quando anunciou o convite ao presidente brasileiro, Vladimir Putin disse que "o Brasil é um dos mais importantes parceiros estratégicos da Rússia. Nós trabalhamos juntos no Brics e no G20. Considerando que em 2022 e 2023, o país terá o status de membro não permanente do Conselho de Segurança da ONU, nós vamos intensificar a nossa cooperação em assuntos da agenda global".
Na última segunda-feira, no entanto, o Brasil votou contra a proposta russa de encerrar a reunião sobre a crise na Ucrânia no Conselho de Segurança. A diplomacia brasileira se alinhou à dos Estados Unidos. Ao fim da votação, a reunião foi mantida com os votos de 9 dos 15 integrantes do Conselho.
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