Justiça decreta prisão de suspeitos de construir e vender prédios na Muzema
O SBT Brasil teve acesso a vídeos que mostraram as frágeis condições em que se encontram as construções na Comunidade do Rio de Janeiro
SBT News
Nesta sexta-feira (19), a Justiça decretou a prisão temporária de três suspeitos de envolvimento na construção e venda dos dois prédios que desabaram na comunidade da Muzema, há uma semana, no Rio de Janeiro.
Um dos envolvidos é José Bezerra de Lima, conhecido como Zé do Rolo, apontado como o responsável pela construção dos imóveis.
Além dele, outras duas pessoas tiveram as prisões decretadas: Renato Siqueira Ribeiro e Rafael Gomes da Costa.
Segundo a polícia, os dois seriam os encarregados pela venda dos apartamentos.
Os três suspeitos já são considerados foragidos e irão responder por homicídio doloso qualificado.
"Uma pessoa que, de forma irresponsável, criminosa, construa um prédio nas condições, sem nenhuma responsabilidade, sem nenhum apoio técnico, ele assume o risco da morte daquelas pessoas que nada mais queriam do que morar com dignidade", declarou a delegada Adriana Belém.
O SBT Brasil obteve acesso, com exclusividade, a vídeos que mostram a situação dos apartamentos pouco antes da tragédia. As imagens, gravadas três dias antes dos desabamentos, mostram o avanço das construções pela área de vegetação, expondo a fragilidade dos edifícios e a instabilidade do terreno mediante as intempéries.
"Isso tudo era mata. Está desabando. Essa árvore vai cair. Essa casa aqui, entrou água nela ontem", relata o morador durante a gravação. O vídeo ainda mostra os dois prédios que vieram a baixo.
Para o arquiteto e urbanista Canagé Vilhena, que estuda construções irregulares, as edificações da Comunidade da Muzema não seguem os padrões básicos de segurança.
"A gente vê, por exemplo, que não há nenhuma cinta segurando toda a estrutura, que permite a transição para as fundações. Certamente, não deve ter uma fundação adequada, como a gente pode verificar pelo fato da construção estar diretamente ligada aqui na terra", explicou o especialista, ao analisar as imagens gravadas.
Vinte pessoas morreram no desabamento e outras três ainda permanecem desaparecidas.