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Vida selvagem na Terra diminui 73% em um período de 50 anos, diz WWF

Estudo aponta redução significativa, principalmente na América Latina, e próximos anos são essenciais para frear impacto no planeta

Vida selvagem na Terra diminui 73% em um período de 50 anos, diz WWF
Redução da vida selvagem foi de 73% em cinco décadas, sem contar impactos de incêndios florestais no Brasil | Reprodução/WWF
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Diminuição da biodiversidade e da própria natureza em um ritmo acelerado. A constatação faz parte do relatório Planeta Vivo 2024, publicado pela organização WWF, e que destaca a redução em 73% da vida selvagem na Terra em um período de 50 anos. O cenário é preocupante e, segundo o estudo, mostra que a natureza está sendo perdida – com enormes implicações para todos nós.

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O relatório ainda mostra que os próximos cinco anos são essenciais para a vida na Terra, e que há urgência em ações para garantir que não haja pontos de impactos irreversíveis - conhecidos como não retorno.

“Os números que saíram são alarmantes. Eles mostram principalmente que a gente não tem conseguido mudar essa essa tendência generalizada de perda de diminuição das populações”, afirma, ao SBT News, Helga Correa, especialista em Conservação do WWF-Brasil.

Pelas bases de dados utilizadas ao estudo, outras ações recentes de alto impacto ambiental ainda não foram contabilizadas: como a seca na Amazônia e o alto número de incêndios florestais das últimas semanas. Os eventos posteriores colocam ainda uma urgência maior de resposta ao cenário ambiental.

“Todos esses índices que medem biodiversidade de formas diferentes, apontam para a mesma direção. A direção de perda de espécies, perda de populações. Perda da biodiversidade que em última instância a gente sabe que vai comprometer a capacidade que os ecossistemas têm de oferecer”, aponta.

“Existem estimativas que a Amazônia entraria nesse colapso se chegasse ao desmatamento entre 20 e 25% e a gente tem cada vez mais aproximado desse ponto. Tem estimativa entre 14%, 18% de desmatamento na Amazônia global, não só restrita à parte brasileira. E isso é muito grave”, destaca a especialista em conservação.

Pelo monitoramento, feito entre os anos 1970 e 2020, o impacto mais urgente foi percebido entre ecossistemas de água doce: que tiveram uma redução de 85%. Em seguida, estão os ambientes terrestres, em diminuição de 69%, e os marinhos, em 56%. A perda é ainda mais forte se analisada na América Latina e no Caribe, que tiveram uma queda de 95%, em média.

Na sequência estão África, com 76%, e Ásia e Pacífico, com 60%. Outras regiões com menos diminuição foram percebidas na Europa e Ásia Central (35%) e América do Norte (39%). Mas a grande diferença é atrelada ao início da análise, em 1970, conforme avalia a bióloga que atua na organização.

"É o início dos dados considerados para a construção desse índice, boa parte da América do Norte e Europa já tinha passado pelo grande ciclo de destruição. Surge esse desconforto de por que aqui está sendo o índice de maior redução, mas isso tem a ver com, vamos dizer, um histórico anterior que não que o índice não capta", afirma. "Mas também é importante falar que na América Latina ela é também uma grande fronteira para onde é necessário a gente fortalecer os dados de monitoramento", completa.

O maior impacto ambiental está atrelado à agropecuária. Outras ameaças à vida terrestre estão relacionadas ao excesso de exploração da natureza e, entre outros fatores, as mudanças climáticas.

Riscos da redução

O declínio nas populações de vida selvagem acendem alerta ao risco de extinção e da perda de ecossistemas saudáveis. Quando os ecossistemas são danificados,eles deixam de fornecer à humanidade os benefícios dos quais dependemos - ar limpo, água e solos saudáveis para a produção de alimentos - e tornam-se mais vulneráveis.

Resposta urgente

O relatório destaca que os próximos cinco anos vão determinar o futuro da vida na Terra. "Temos cinco anos para colocar o mundo numa trajetória sustentável antes que os resultados negativos da degradação da natureza e da mudança climática nos coloquem na descida de uma ladeira cheia de pontos de não retorno incontroláveis. O risco de fracasso é real – e as consequências são quase impensáveis", destaca trecho da publicação.

A necessidade de respostas até 2030 é urgente e podem interferir em biomas que fazem parte do Brasil, conforme aponta Correa: “Eses pontos de não retorno são muito alarmantes. Existem estimativas que a Amazônia entraria nesse colapso se chegasse ao desmatamento entre 20 e 25% e a gente tem cada vez mais aproximado desse ponto. Tem estimativa entre 14%, 18% de desmatamento na Amazônia global, não só restrita à parte brasileira. E isso é muito grave”.

Entre as alternativas para resposta, a especialista em clima elenca um maior diálogo com comunidades tradicionais e a revisão de estratégias e parcerias com outros países.

"O Brasil tem essa oportunidade e responsabilidade de grande de liderar esse diálogo e de liderar também de ser um exemplo de como tirar esses compromissos do papel para a prática, porque nós temos a biodiversidade, e temos também uma diversidade enorme de comunidades e povos tradicionais que podem ajudar a atingir essas metas para a gente ter um planeta vivo."

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