Tuta, líder do PCC, é preso pela Polícia Federal na Bolívia
Ele é apontado como o substituto de Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, como chefe da facção criminosa

Gabriel Sponton
A Polícia Federal prendeu Marcos Roberto de Almeida, o Tuta, nesta sexta-feira (16), em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia. Tuta é apontado pelas autoridades como o substituto de Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, como chefe do Primeiro Comando da Capital (PCC).
O suspeito foi detido por agentes da Fuerza Especial de Lucha contra el Crimen (FELCC) após apresentar um documento falso. Ele tentava renovar o visto com um cartão de identidade com nome falso, o que acionou alerta da Interpol.
No ano passado, Tuta foi condenado a mais de 12 anos de prisão por associação criminosa e lavagem de dinheiro. Segundo a Polícia Federal, ele também consta na lista de Difusão Vermelha da Interpol, "o que motivou a intensificação dos esforços para sua localização e captura".
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O criminoso segue detido sob custódia das autoridades bolivianas, aguardando os procedimentos legais para sua expulsão do país ou extradição ao Brasil.
Quem é Tuta
Marcos Roberto de Almeida, o Tuta, uma das lideranças do PCC, foi condenado em fevereiro pela Justiça de São Paulo a uma pena de 12 anos de prisão por associação criminosa e lavagem de dinheiro. Ele também é alvo de outros dois pedidos de prisão preventiva em casos que ainda não foram a julgamento.
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Segundo a desembargadora Ivana David, do Tribunal de Justiça de São Paulo, uma das primeiras especialistas na atuação da facção criminosa, Tuta é o principal articulador do PCC no narcotráfico federal.
Ele foi apontado pelo próprio Marcola, como é conhecido Marco Willians Herbas Camacho, para liderar a facção em 2019, quando os líderes do PCC foram transferidos para presídios federais e colocados em isolamento.
Tuta é alvo de dois pedidos de prisão preventiva e era procurado pela Justiça desde a operação Sharks, em 2020, quando fugiu da polícia. "Ele é considerado um articulador muito perigoso", afirma Ivana David. "Ele foi adido em Moçambique, um agente diplomático. Ele tinha ligações com Moçambique, com o Paraguai, com a Bolívia, onde estava morando com outro nome". Segundo a desembargadora, o país é um destino comum para foragidos do PCC.
Para Ivana, a prisão de Tuta não acaba com a operação de lavagem internacional de dinheiro que era comandada pelo criminoso. "A organização criminosa é uma empresa. O PCC tem no seu organograma uma hierarquia, uma divisão de tarefas, diferente do Comando Vermelho, que tem outra estrutura organizacional. Cada morro tem o seu 'dono' e cada 'dono' tem sua independência. O PCC não, ele é mais hierárquico. Com a prisão do Tuta, o próximo na hierarquia vai ser quem vai comandar a lavagem de dinheiro nessa 'sinfonia do progresso'. O PCC não vai acabar e a prisão infelizmente não desestrutura a facção criminosa. Assim como ele era substituto do Marcola, outro o substituirá."
A desembargadora afirma que ainda não sabe se Tuta ficará preso na Bolívia ou será enviado ao Brasil. "Não sei se haverá a extradição porque Tuta foi preso em flagrante lá na Bolívia por uso de documento falso", afirma. "Ele está respondendo lá a um processo, mas a Bolívia pode expulsar ele de volta para o Brasil e a Polícia Federal e o Ministério Público podem pedir sua extradição".