Sala escura para alunos gera revolta em pais de alunos do Distrito Federal
Segundo à Polícia Civil, a direção da escola determinou que qualquer criança que chorasse deveria ser conduzida a essa sala para advertência
Gabriela Tunes
O uso de uma sala escura para alunos em uma escola pública do Distrito Federal causou indignação entre os pais. Eles alegam que os filhos sofreram crises de pânico após ficarem sozinhos no local. O espaço, que deveria ser a "Sala das Emoções", passou a ser conhecido como "Sala do Pânico".
Um vídeo gravado dentro da sala de aula mostra um aluno de 4 anos gritando. A monitora pedagógica tenta acalmá-lo chamando-o para “pescar”. “Bora pescar, bora”, diz a monitora.
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Contudo, segundo a professora que registrou o vídeo, o menino foi levado para um espaço chamado Sala das Emoções. Nazaré, uma professora temporária que foi afastada da escola após reclamar do uso da sala, afirmou que pelo menos dois alunos da turma eram levados todos os dias para o local.
Essa sala, conhecida como "Sala das Emoções", ficava na Escola Classe Três, da Estrutural. De acordo com denúncias feitas à Polícia Civil, a direção da escola determinou que qualquer criança que chorasse deveria ser conduzida pelas monitoras pedagógicas para esse espaço, onde eram deixadas sozinhas e no escuro por um período.
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A direção da escola afirma que a sala foi projetada especificamente para apoiar alunos em momentos de desregulação sensorial. No entanto, para os pais, o efeito foi o oposto. Paula retirou seu filho de 4 anos da escola depois que ele começou a apresentar mudanças de comportamento em casa.
Assim como outros pais, ela denuncia que a escola modificou a estrutura da sala após saber das reclamações.
Para o advogado de algumas das famílias, a sala não possui embasamento jurídico ou científico.
"Levar uma criança para uma sala escura para reprimir as emoções é inadmissível. Fiquei preocupado quando elas voltavam com medo e, em alguns casos, machucadas," afirma Allan Andrade, advogado.