Brasil

Rioprevidência investiu R$ 2,6 bilhões em fundos do Banco Master; TCE contestou aporte de R$ 1 bi

Tribunal de Contas determinou há um mês que fundo de previdência suspendesse novos investimentos; Daniel Vorcaro, presidente do Master, foi preso nesta 3ª

Imagem da noticia Rioprevidência investiu R$ 2,6 bilhões em fundos do Banco Master; TCE contestou aporte de R$ 1 bi
Agência do Rioprevidência | Divulgação/Governo do Rio de Janeiro
• Atualizado em
Publicidade

O Rioprevidência, fundo responsável por pagar aposentadorias e pensões a cerca de 242 mil servidores inativos do estado do Rio de Janeiro, investiu R$ 2,6 bilhões em fundos e títulos administrados ou emitidos pelo Banco Master, segundo o Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ). O valor representa mais de 25% de todos os recursos aplicados pelo órgão, considerado o terceiro maior fundo previdenciário do país.

A Corte determinou, em outubro deste ano, que novos investimentos do Rioprevidência na instituição liderada por Daniel Vorcaro fossem suspensos. A decisão ganhou novo peso nesta terça-feira (18), quando o executivo foi preso em operação policial que apura irregularidades financeiras envolvendo o banco.

+ Banco Master: fraude investigada pela Polícia Federal gira em torno de R$ 12 bilhões

A relatora do caso foi a conselheira Mariana Montebello Willeman. O voto de Willeman foi aprovado por unanimidade. Na sessão plenária, ocorrida no dia 8 de outubro, o conselheiro José Gomes Graciosa se manifestou afirmando estar estarrecido com o descaso na administração do Rioprevidência.

"Chega de decisões sem transparência, chega de colocar em risco a aposentadoria daqueles que colaboraram com a construção deste Estado, com trabalho árduo e muita dedicação", afirmou Graciosa.

O TCE-RJ destacou que o aporte de 25% do patrimônio do fundo previdenciário em títulos do Master representava risco elevado e ameaçava a segurança financeira de todo o sistema de aposentadorias e pensões fluminense. Entre as irregularidades identificadas pelos auditores do tribunal, estão:

  • concentração excessiva em um único grupo financeiro, contrariando regras de diversificação exigidas para Regime Próprio de Previdência Social (RPPS);
  • aplicações em fundos novos e sem histórico, alguns com o Rioprevidência como único cotista;
  • aportes em títulos ilíquidos, como Letras Financeiras do Banco Master, que somavam mais de R$ 1,1 bilhão;
  • fundos com rentabilidade muito abaixo do mercado – um deles rendeu cerca de 4% ao ano, ante 9,31% do CDI;
  • falta de documentos obrigatórios, como análises técnicas, impossibilitando controle interno e externo;
  • exposição a fundos altamente concentrados.

Ainda segundo o TCE-RJ, mesmo após ser notificado, em maio deste ano, sobre os riscos dos aportes no Banco Master, o Rioprevidência continuou realizando novas aplicações ao longo de 2025, que chegaram a R$ 1 bilhão. A Corte chegou a recomendar que o governador Cláudio Castro (PL) fizesse uma intervenção no fundo previdenciário, diante da gestão temerária de recursos.

"Ciência desta decisão ao exmo. sr. governador do estado do Rio de Janeiro, para que, diante da gravidade da situação apurada e da omissão do diretor-presidente do Rioprevidência em adotar providências de maneira célere e efetiva, avalie atuar junto à autarquia previdenciária, zelando pelo saneamento das irregularidades e prevenção de novas falhas na alocação de recursos", diz acórdão.

O SBT News procurou o Rioprevidência e aguarda um retorno. Em caso de resposta, a matéria será atualizada.

Prisão do presidente do Master

Uma operação da Polícia Federal prendeu nesta terça-feira (18) o presidente do Banco Master, Daniel Vorcaro, por suspeita de emissões de títulos de crédito falsos por instituições financeiras que integram o Sistema Financeiro Nacional (SFN). O empresário foi detido no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, supostamente tentando deixar o país em um avião particular com destino a Dubai.

A ação, chamada Compliance Zero, aponta que os títulos de crédito falsos eram vendidos a outro banco e, após fiscalização do Banco Central (BC), substituídos por outros ativos sem avaliação técnica adequada.

Logo após o início da operação, o Banco Central decretou a liquidação extrajudicial do Banco Master, medida que também alcança a Master Corretora de Câmbio, Títulos e Valores Mobiliários e inclui a suspensão dos bens de controladores e ex-administradores. Com isso, qualquer negociação de compra em andamento é automaticamente interrompida.

As investigações começaram em 2024, após requisição do Ministério Público Federal (MPF), para investigar a possível fabricação de carteiras de crédito insubsistentes por uma instituição financeira. Outros crimes, como gestão fraudulenta, gestão temerária e organização criminosa estão sendo investigados.

O SBT News entrou em contato com o Banco Master solicitando uma nota de posicionamento mas, até o momento, não houve retorno. A defesa de Daniel Vorcaro afirma que o banqueiro estava indo para Dubai em uma viagem de negócios.

Publicidade

Últimas Notícias

Publicidade