Renato Cariani e mais 2 são indiciados por tráfico de drogas e lavagem de dinheiro
Influenciador fitness, sócia e amigo são suspeitos de desviar toneladas de produtos químicos para a produção de cocaína e crack
Emanuelle Menezes
Robinson Cerantula
A Polícia Federal (PF) de São Paulo concluiu, em janeiro, o inquérito contra o fisiculturista e influenciador Renato Cariani, por suspeita de desvio de aproximadamente 12 toneladas de produtos químicos para a produção de cocaína e crack.
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O relatório, finalizado em 10 de janeiro e obtido pelo SBT News nesta terça-feira (30), indicia Cariani e outras duas pessoas, Fabio Spinola Mota e Roseli Dorth, pelos crimes de tráfico equiparado, associação para tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. Eles são acusados de usar uma empresa, a Anidrol Produtos para Laboratórios Ltda., para falsificar notas fiscais de vendas de produtos químicos para farmacêuticas multinacionais com o objetivo de ocultar o repasse desses insumos para o refino e adulteração de drogas.
Os insumos (fenacetina, acetona, éter etílico, ácido clorídrico, manitol e acetato de etila), faturados em nome dessas multinacionais, abasteciam uma organização criminosa de tráfico internacional de drogas e eram usados para transformar a pasta base de cocaína em pó e em pedras de crack. A Polícia Federal identificou 60 transações realizadas no período de 2014 a 2020.
Cariani é sócio da Anidrol, junto com Roseli. Segundo o relatório da PF, "ambos tinham total controle sobre a venda, pagamento e saída dos produtos químicos de sua empresa".
"A forma não usual pela qual as negociações ocorreram, no período de 6 anos, não passaria despercebida pela dupla caso não houvesse o consentimento para a prática do delito", diz o relatório.
A conclusão da PF foi encaminhada para o Ministério Público Federal (MPF), que decidirá se denuncia ou não o trio à Justiça Federal. Eles respondem em liberdade, mas caso sejam condenados podem ser presos.
O SBT News tenta contato com a defesa de Renato Cariani, Fabio Spinola Mota e Roseli Dorth.
O esquema
Fabio Spinola Mota é o responsável por esquematizar o repasse dos produtos químicos da Anidrol para o tráfico, de acordo com as investigações. Segundo o relatório da PF, ele criou um e-mail falso, de um suposto funcionário da farmacêutica AstraZeneca, para dar um ar de legalidade ao esquema criminoso e justificar a saída das toneladas de insumos.
Para isso, a Anidrol emitiu 60 notas fiscais fraudulentas e fez depósitos em nome de terceiros, os chamados "laranjas", usando irregularmente os nomes das multinacionais AstraZeneca, Cloroquímica e LBS Laborasa. O Ministério Público de São Paulo recebeu denúncia das três empresas alegando que a Anidrol emitia notas fiscais de venda de produtos que essas empresas não haviam comprado.
A AstraZeneca procurou a Polícia Federal, em 2019, para comunicar possíveis fraudes relacionadas a notas fiscais emitidas indevidamente em nome da farmacêutica.