Quem é Renato Cariani, fisiculturista indiciado pela PF por lavagem de dinheiro e tráfico de drogas
Com mais de 14,2 milhões de seguidores, influenciador fitness é suspeito de desviar produtos químicos para produção de crack e cocaína
Emanuelle Menezes
Professor de química. Professor de educação física. Atleta profissional. Empresário e youtuber. É assim que Renato Cariani, de 47 anos, se apresenta em suas redes sociais. Com mais de 14,2 milhões de seguidores – 7,7 milhões no Instagram e 6,5 milhões no YouTube –, o fisiculturista ganhou os holofotes nos últimos tempos não por sua fama como influenciador fitness, mas sim por ser indiciado pela Polícia Federal por lavagem de dinheiro e tráfico de drogas, em uma investigação contra uma organização criminosa que desviava produtos químicos para a produção de crack e cocaína. O inquérito foi concluído no dia 10 de janeiro, mas veio a público nesta terça-feira (30).
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Bullying e fisiculturismo
"A minha vida até os 14 anos foi totalmente destruída pelo bullying", disse Cariani em mais de uma entrevista. O influenciador, que era obeso na infância, começou a fazer musculação para fugir do bullying.
Embora envolvido no mundo fitness há anos, ele se tornou fisiculturista profissional em 2020, quando conquistou o Pro Card (documento que permite que o atleta participe de torneios profissionais).
Em seu site oficial, Renato afirma ter formação em química, educação física e administração de empresas. Lá, ele oferece cursos para conquistar "o corpo dos seus sonhos", aprender "a treinar, a se alimentar melhor e a se organizar para o sucesso". O valor do plano anual é de R$ 358,80, enquanto o mensal custa R$ 49,90.
14,2 milhões de seguidores
O canal de Renato Cariani no Youtube, criado em 2016, tem mais de 6,5 milhões de inscritos e mais de 1 bilhão de visualizações. No Instagram, ele é seguido por mais de 7,7 milhões de pessoas. Em suas redes sociais, ele compartilha dicas de treinos e dietas e mostra uma rotina de vida saudável, além de realizar desafios e projetos com famosos.
Entrevista polêmica com Bolsonaro
Em 2022, o fisiculturista utilizou sua popularidade como plataforma para impulsionar a campanha de Jair Bolsonaro (PL), que tentava a reeleição como presidente da República. Cariani entrevistou o político durante o programa Ironcast, ao lado do médico Paulo Muzy.
Na época, o influenciador disse ter perdido cerca de 25 mil seguidores nas redes sociais após anunciar a live, mas durante a entrevista – que durou pouco mais de 2 horas – seu canal no Youtube ganhou mais de 200 mil novos inscritos. O vídeo, hoje, conta com mais de 4,8 milhões de visualizações.
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Empresário da indústria química
Cariani iniciou sua carreira na área química como auxiliar de laboratório, aos 15 anos. Aos 40 anos, já ocupava o cargo de sócio-diretor de uma indústria química, fundada em 1981 e situada no ABC Paulista. A empresa é a Anidrol, alvo da Polícia Federal em 12 de dezembro de 2023.
A PF investigava o desvio de 12 toneladas de produtos químicos (fenacetina, acetona, éter etílico, ácido clorídrico, manitol e acetato de etila) usados para a produção de cocaína e crack. A quantia de produtos químicos desviados corresponde a mais de 19 toneladas de cocaína e crack prontas para consumo, segundo os investigadores.
Após quase 10 meses de investigações, a PF concluiu em 10 de janeiro o inquérito contra o influenciador. O relatório final indicia ele e outras duas pessoas, Fabio Spinola Mota e Roseli Dorth, pelos crimes de tráfico equiparado, associação para tráfico de drogas e lavagem de dinheiro.
A conclusão da PF foi encaminhada para o Ministério Público Federal (MPF), que decidirá se denuncia ou não o trio à Justiça Federal. Eles respondem em liberdade, mas caso sejam condenados podem ser presos.
O SBT News tenta contato com a defesa de Renato Cariani, Fabio Spinola Mota e Roseli Dorth.