Região norte enfrenta seca intensa: queimadas e rios em colapso
Seca prolongada em Rondônia e Amazonas agrava crise hídrica e gera isolamento de comunidades ribeirinhas e indígenas
A Região Norte do Brasil vive uma das piores secas dos últimos anos. As cidades enfrentam queimadas constantes e o risco crescente de isolamento devido à baixa dos rios. Em Rondônia, o céu encoberto pela fumaça reflete a gravidade da situação. Na capital, Porto Velho, já são quase três meses sem chuvas significativas, afetando diretamente o Rio Madeira, que chegou ao segundo menor nível em 57 anos.
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O Rio Madeira, um dos principais afluentes do Rio Amazonas, agora se assemelha a um deserto. A estiagem, que normalmente começa em setembro, chegou mais cedo este ano, dificultando a navegabilidade e o acesso à água para as famílias que vivem às margens do rio.
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De acordo com a Confederação Nacional dos Municípios, os prejuízos no setor agropecuário na Região Norte já ultrapassam R$ 1,3 bilhão este ano. Em Porto Velho, uma das soluções seria a construção de poços artesianos, mas apenas três foram concluídos até agora devido a problemas com o equipamento de perfuração.
No Amazonas, a situação é igualmente crítica. Todos os 62 municípios do estado decretaram situação de emergência por conta da seca e das queimadas, afetando cerca de 290 mil pessoas e 77 mil famílias. Os preços dos produtos estão subindo, e comunidades indígenas e ribeirinhas correm o risco de ficarem isoladas.
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O Rio Solimões, em Tabatinga, atingiu o nível mais baixo já registrado na história, o que pode deixar cidades inteiras isoladas. Segundo o Serviço Geológico Brasileiro, esta é a maior seca dos últimos 40 anos na região. Além disso, os incêndios florestais têm gerado ondas de fumaça que se espalham por todo o país, afetando gravemente a saúde e a visibilidade, como relata Raimundo Mendonça, piloto de embarcação: “Esse fumaceiro atrapalha muito, a gente fica com os olhos ardendo e a visão comprometida”.
Em Rio Branco, no Acre, a seca severa no Rio Acre já dura mais de três meses, resultando em escassez de água nas comunidades rurais e prejudicando o sustento de quem depende do rio. Antônio José, autônomo, lembra dos tempos em que a abundância de recursos naturais era uma realidade ao longo de todo o ano: “Nos anos 80, subia muito peixe, agora não sobe mais nada”.